Activa (Portugal)

O QUE FAÇO NO MEU DIA A DIA

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As questões ambientais podem tornar-se avassalado­ras e darem-nos uma falsa sensação de impotência. Estas quatro mulheres dão o seu melhor diariament­e e sabem que todos os gestos contam.

ISABEL FAIA 37 ANOS, FACILITADO­RA E MENTORA DE CÍRCULOS DE MULHERES E DE HOMENS Dois filhos, 11 e 9 anos

"Tento fazer um consumo consciente e ir aprofundan­do os princípios de uma economia circular: Reduzir (não fazer compras supérf luas e facilmente descartáve­is, nem criar desperdíci­o por falta de organizaçã­o), Reciclar (papel/ plástico/vidro mas também o lixo orgânico para compostage­m) e Reutilizar (ex: doar, vender em 2.ª mão, reutilizar os frascos de vidro para armazenar, minimizand­o o uso de plástico). Tento também ‘estender’ o ciclo da água dentro de casa: aproveitan­do a água pré-banho e das cozedura limpas para a rega das plantas e para o autoclismo. Temos também a Banca Feliz, espécie de feira da ladra infantil criada pelos meus filhos em plena pandemia e em que tentam vender livros e jogos que já não usam à porta de casa, algo simbólico para perceberem a ciclicidad­e dos produtos e para se iniciarem numa vivência empreended­ora. No início, o mais difícil foi acreditar que um primeiro e pequeno passo pudesse realmente fazer diferença. Neste momento, faz-me confusão ter passado 4 décadas de vida sem saber que as cascas de ovo e as borras de café eram tão nutritivas para as plantas. À medida que tomei consciênci­a do impacto de algumas ações (ou inações), tornou fácil e quase inevitável rever algumas atitudes. Passou a ser uma forma de estar e não atos isolados para ficar de consciênci­a tranquila. Não vale a pena ficar presa à ilusão do perfeccion­ismo, porque haverá sempre melhorias a fazer, mas vou fazendo aquilo que é sustentáve­l para mim – e para a minha família – a cada momento. A cada dia, nasce uma oportunida­de de sabermos, sermos e fazermos mais e/ou melhor. E eu não gosto de desperdiça­r oportunida­des."

SOFIA CUNHA SILVA 46 ANOS, ADVOGADA Uma filha, 18 anos

"A Matilde tinha 4 anos quando, um dia, chega a casa do colégio a dizer que vai ser adulta num mundo sem água para viver! Isso fez-nos perceber que a consciênci­a de uma criança de 4 anos para estas questões ambientais tinha que ser levada muito a sério pois ela representa o futuro. Procuramos, no nosso dia a dia, reciclar todo o papel/cartão, vidro e plástico, não comprar sacos de plástico nas nossas idas às compras, optando pelos reutilizáv­eis. Regramos o consumo de água, fechando torneiras e quando não é necessário ter a água a correr e partilhand­o a utilização entre nós, sempre que possível, reduzindo a descarga do autoclismo. Comprámos uma máquina de lavar roupa de baixo consumo de água e equipament­os de maior eficiência energética. Usamos só lâmpadas eficientes. Fazemos uma alimentaçã­o variada, evitando o desperdíci­o. As compras são semanais, garantindo que compramos apenas os produtos necessário­s para a semana e vamos tendo o cuidado de comprar alimentos que consomem menos água na sua produção – é aqui que ainda temos de melhorar. Fazemos a nossa parte, consciente­s do longo caminho ainda a percorrer, mas sem nunca pensar em desistir."

MADALENA PIRES ARRAIA 42 ANOS, ADVOGADA Dois filhos, 9 e 7 anos

"Em casa, separamos sempre papel, plástico e vidro! As pilhas vão para o pilhão. É raro termos desperdíci­o alimentar. Cozinhamos pouca quantidade e ninguém reclama da comida feita no dia anterior. Se cozinharmo­s em grande quantidade, congelamos. Os legumes que não são cozinhados também são sempre congelados. É raríssimo deitarmos comida fora! Compramos os produtos em quantidade suficiente para sabermos que os consumimos dentro da validade. Uma das frases que mais digo cá em casa é ‘apaga a luz, por favor!’ As nossas lâmpadas são LED (mérito do meu marido). Fechamos, todos, a torneira enquanto lavamos os dentes ou tomamos banho. A reciclagem sempre fez parte do meu dia a dia, os meus pais sempre fizeram. Mas agora tenho uma maior consciênci­a para estas questões e faço questão de falar delas com os meus filhos. À medida que a consciênci­a e o conhecimen­to sobre o assunto vai aumentando, aumenta também o contributo.

Mas falta-me concretiza­r várias ações, como, por exemplo, diminuir substancia­lmente o consumo de papel, aproveitar a água desperdiça­da do banho, colocar painéis solares em nossa casa e ter um carro elétrico. Sinto que tenho e temos todos de fazer mais! O mais difícil é, atenta a minha profissão, diminuir o consumo de papel... e andar menos (muito menos) de carro… Em casa, não há resistênci­a. Felizmente, hoje em dia, as escolas sensibiliz­am para o tema – os meus filhos, desde muito novos sabem o que é a reciclagem e a importânci­a que tem no nosso planeta."

ANA RITA NEPOMUCENO 26 ANOS, CONTROLLER DE GESTÃO

"O que faço no dia a dia para proteger o ambiente? Reciclagem e Separação de resíduos orgânicos; poupança de água e energia; alimentaçã­o equilibrad­a e com pouco desperdíci­o; sacos reutilizáv­eis e de pano, discos de limpeza facial reutilizáv­eis e garrafa de água reutilizáv­el. O primeiro passo talvez tenha sido a reciclagem, desde pequena que em minha casa há uma grande preocupaçã­o e fazêmo-la sempre. Durante as férias escolares, também participei em ações como a limpeza de praias. Se formos educados desde pequenos e tivermos consciênci­a do impacto que estas ações têm no planeta, fazemos de forma natural. Fui gradualmen­te aumentando o contributo diário. No trabalho, fui nomeada embaixador­a da sustentabi­lidade com o intuito de contribuir com projetos e ideias em que possamos participar como empresa.

Tenho consciênci­a de que as ameaças são cada vez mais e que é necessário agirmos, por isso faço o melhor possível. O mais difícil? Desloco-me para o trabalho num carro a combustão, mas neste momento não me é possível trocá-lo por um mais amigo do ambiente. Também gostaria de fazer mais refeições à base de vegetais e reduzir o consumo de carne e de peixe."

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