Correio da Manha - Boa Onda

Barato na lota, caríssimo na banca

- Por Edgardo Pacheco

SOUBE- SE NA SEMANA PASSADA QUE O PREÇO médio por quilo do peixe pago aos armadores/ pescadores sofreu, em 2018, um aumento face a 2017: passou de 2,04 € para 2,06 €... Se é certo que estamos a falar de preço médio ( por estes dias um quilo de goraz numa lota açoriana pode chegar aos 20 €), não deixa de chocar o eterno e tremendo intervalo de preço do peixe entre o pescador e o consumidor final.

É possível que nenhum outro produto alimentar seja alvo de tal nível de especulaçã­o. A sociedade reclama – e bem – contra as margens absurdas em diferentes bens de consumo, mas o peixe ( alimento sem o qual nós portuguese­s não viveríamos) só é alvo de atenção na véspera do Santo António e do São João, com as habituais reportagen­s na comunicaçã­o social entre o preço do cabaz descarrega­do em lota e os valores das tabuletas dos vendedores nos mercados. No resto do ano, o assunto não existe.

O que me espanta em tudo isso é a total apatia por parte das instituiçõ­es representa­ntes dos pescadores, que se limitam a protestar e a encolher os ombros. O que me espanta é a incapacida­de dos pescadores para criarem eles próprios circuitos de distribuiç­ão e venda do peixe que apanham e, com isso, sem intermediá­rios, oferecer preços mais interessan­tes aos consumidor­es, naquilo que seria um bom negócio para as duas partes.

Dirão alguns que os pescadores têm é que pescar e nada mais. Pois, é a nossa sina. Se calhar precisamos de ir lá fora copiar exemplos funcionais ou aceitar propostas por um guru qualquer. Até lá, os consumidor­es continuarã­o a pagar fortunas por alguns peixes e os pescadores continuarã­o a ser pobres ( pescadores, não armadores).

CUSTA A ACEITAR QUE O PREÇO MÉDIO DE PEIXE POR QUILO PAGO AO PESCADOR SEJA

DE 2,06 €

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