Barato na lota, caríssimo na banca
SOUBE- SE NA SEMANA PASSADA QUE O PREÇO médio por quilo do peixe pago aos armadores/ pescadores sofreu, em 2018, um aumento face a 2017: passou de 2,04 € para 2,06 €... Se é certo que estamos a falar de preço médio ( por estes dias um quilo de goraz numa lota açoriana pode chegar aos 20 €), não deixa de chocar o eterno e tremendo intervalo de preço do peixe entre o pescador e o consumidor final.
É possível que nenhum outro produto alimentar seja alvo de tal nível de especulação. A sociedade reclama – e bem – contra as margens absurdas em diferentes bens de consumo, mas o peixe ( alimento sem o qual nós portugueses não viveríamos) só é alvo de atenção na véspera do Santo António e do São João, com as habituais reportagens na comunicação social entre o preço do cabaz descarregado em lota e os valores das tabuletas dos vendedores nos mercados. No resto do ano, o assunto não existe.
O que me espanta em tudo isso é a total apatia por parte das instituições representantes dos pescadores, que se limitam a protestar e a encolher os ombros. O que me espanta é a incapacidade dos pescadores para criarem eles próprios circuitos de distribuição e venda do peixe que apanham e, com isso, sem intermediários, oferecer preços mais interessantes aos consumidores, naquilo que seria um bom negócio para as duas partes.
Dirão alguns que os pescadores têm é que pescar e nada mais. Pois, é a nossa sina. Se calhar precisamos de ir lá fora copiar exemplos funcionais ou aceitar propostas por um guru qualquer. Até lá, os consumidores continuarão a pagar fortunas por alguns peixes e os pescadores continuarão a ser pobres ( pescadores, não armadores).
CUSTA A ACEITAR QUE O PREÇO MÉDIO DE PEIXE POR QUILO PAGO AO PESCADOR SEJA
DE 2,06 €