A moda dos vinhos naturais
SÃO CADA VEZ MAIS FREQUENTES AS PERGUNTAS DE amigos e leitores sobre as diferenças entre vinhos biológicos, biodinâmicos e naturais, sendo que a dúvida maior é “sobre essa coisa dos naturais” porque a moda pegou, porque há cada vez mais viticultores adeptos e porque há jovens chefes que os apresentam nos seus restaurantes. Aliás, em França há bares de vinhos e revistas que se dedicam em exclusivo aos vinhos naturais. Desmontemos a coisa.
Todos estes conceitos partem da ideia base que é eliminar ao máximo os tratamentos de síntese nas plantas ou o conservante principal do vinho ( o dióxido de enxofre ou SO2), embora, no caso dos vinhos bio, uma percentagem de SO2 seja permitida.
A questão que se coloca é esta: embora a ideia de poluir menos a natureza e o nosso corpo seja meritória, é necessário termos em atenção que enquanto os vinhos biológicos e biodinâmicos são controlados por entidades idóneas, os vinhos naturais, não. Isto é: um vinho bio ou biodinâmico só existe se alguém externo ao produtor atestar todo o processo; um vinho natural depende apenas da vontade do produtor.
Quer isto dizer que devemos desconfiar dos vinhos naturais? Não. Como em tudo nesta vida, há produtores competentes e de bom gosto que não confundem a eliminação de processos que agridem o ambiente com a apresentação de velhos defeitos que já não deviam fazer parte do vinho e outros que acham que o suor de cavalo e o ácido acético em doses generosas são ingredientes interessantes.
Neste caso, como é que o consumidor se defende? Comprando e provando. Os bons produtores de vinhos naturais serão recompensados, os outros terão de mudar de vida.
OS VINHOS BIOLÓGICOS E BIODINÂMICOS TÊM UM CONTROLO POR PARTE DE ENTIDADES IDÓNEAS. OS NATURAIS NÃO