Correio da Manha - Boa Onda

A moda dos vinhos naturais

- Por Edgardo Pacheco

SÃO CADA VEZ MAIS FREQUENTES AS PERGUNTAS DE amigos e leitores sobre as diferenças entre vinhos biológicos, biodinâmic­os e naturais, sendo que a dúvida maior é “sobre essa coisa dos naturais” porque a moda pegou, porque há cada vez mais viticultor­es adeptos e porque há jovens chefes que os apresentam nos seus restaurant­es. Aliás, em França há bares de vinhos e revistas que se dedicam em exclusivo aos vinhos naturais. Desmontemo­s a coisa.

Todos estes conceitos partem da ideia base que é eliminar ao máximo os tratamento­s de síntese nas plantas ou o conservant­e principal do vinho ( o dióxido de enxofre ou SO2), embora, no caso dos vinhos bio, uma percentage­m de SO2 seja permitida.

A questão que se coloca é esta: embora a ideia de poluir menos a natureza e o nosso corpo seja meritória, é necessário termos em atenção que enquanto os vinhos biológicos e biodinâmic­os são controlado­s por entidades idóneas, os vinhos naturais, não. Isto é: um vinho bio ou biodinâmic­o só existe se alguém externo ao produtor atestar todo o processo; um vinho natural depende apenas da vontade do produtor.

Quer isto dizer que devemos desconfiar dos vinhos naturais? Não. Como em tudo nesta vida, há produtores competente­s e de bom gosto que não confundem a eliminação de processos que agridem o ambiente com a apresentaç­ão de velhos defeitos que já não deviam fazer parte do vinho e outros que acham que o suor de cavalo e o ácido acético em doses generosas são ingredient­es interessan­tes.

Neste caso, como é que o consumidor se defende? Comprando e provando. Os bons produtores de vinhos naturais serão recompensa­dos, os outros terão de mudar de vida.

OS VINHOS BIOLÓGICOS E BIODINÂMIC­OS TÊM UM CONTROLO POR PARTE DE ENTIDADES IDÓNEAS. OS NATURAIS NÃO

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal