Processos judiciais que inspiram
UMA DAS NOTÍCIAS MAIS SURPREENDENTES DO FINAL DE 2018 no mundo do vinho foi o processo judicial do produtor americano Opus One ( um dos mais famosos produtores do mundo) contra uma tanoaria francesa pelo facto desta ter fornecido novas barricas contaminadas com TCA ( triclooanisol), que é o famoso composto químico que popularmente chamamos de cheiro a rolha. Sim, esse composto químico que destrói por completo um vinho também se encontra em cascos e tonéis.
Como cada garrafa de Opus One custa uma pipa de massa ( arranja- se por cá a 400 euros), os responsáveis pedem um indemnização à tanoaria francesa no valor dos 415 mil euros. Coisa pouca.
Não se sabe como vai terminar a contenda, embora, tratando- se de um litígio nos EUA e c o m a a d e g a e m questão, não custa a crer para que lado vai afundar o prato da balança, mas dei por mim a pensar que se as adegas e/ ou os consumidores portugueses ti vessem a mesma atitude perante o galopante número de vinhos que nos chegam à mesa com TCA, as coisas talvez fossem diferentes. Não sei se, tecnicamente, é impossível eliminar esta praga ou se as corticeiras andam - por falta de matéria- prima - a comprar cortiça de má qualidade, mas começa a ser aborrecido ver responsáveis das empresas das rolhas garantirem que, com mais uns milhões de investimento, desta vez é que o TCA foi erradicado em definitivo e, depois, continuarmos com o maldito ‘ cheiro a rolha’.
Em Portugal ficamos com a ideia de que o TCA é uma inevitabilidade e que os consumidores só têm de encolher os ombros e abrir outra garrafa. Mas, lá está, apesar dos exageros, nos EUA as coisas fiam bem mais fino.
ACEITAMOS O CHEIRO A ROLHA COM PASSIVIDADE, MAS NOS EUA AS COISAS SÃO DIFERENTES