Correio da Manha - Boa Onda

Processos judiciais que inspiram

- Por Edgardo Pacheco

UMA DAS NOTÍCIAS MAIS SURPREENDE­NTES DO FINAL DE 2018 no mundo do vinho foi o processo judicial do produtor americano Opus One ( um dos mais famosos produtores do mundo) contra uma tanoaria francesa pelo facto desta ter fornecido novas barricas contaminad­as com TCA ( triclooani­sol), que é o famoso composto químico que popularmen­te chamamos de cheiro a rolha. Sim, esse composto químico que destrói por completo um vinho também se encontra em cascos e tonéis.

Como cada garrafa de Opus One custa uma pipa de massa ( arranja- se por cá a 400 euros), os responsáve­is pedem um indemnizaç­ão à tanoaria francesa no valor dos 415 mil euros. Coisa pouca.

Não se sabe como vai terminar a contenda, embora, tratando- se de um litígio nos EUA e c o m a a d e g a e m questão, não custa a crer para que lado vai afundar o prato da balança, mas dei por mim a pensar que se as adegas e/ ou os consumidor­es portuguese­s ti vessem a mesma atitude perante o galopante número de vinhos que nos chegam à mesa com TCA, as coisas talvez fossem diferentes. Não sei se, tecnicamen­te, é impossível eliminar esta praga ou se as corticeira­s andam - por falta de matéria- prima - a comprar cortiça de má qualidade, mas começa a ser aborrecido ver responsáve­is das empresas das rolhas garantirem que, com mais uns milhões de investimen­to, desta vez é que o TCA foi erradicado em definitivo e, depois, continuarm­os com o maldito ‘ cheiro a rolha’.

Em Portugal ficamos com a ideia de que o TCA é uma inevitabil­idade e que os consumidor­es só têm de encolher os ombros e abrir outra garrafa. Mas, lá está, apesar dos exageros, nos EUA as coisas fiam bem mais fino.

ACEITAMOS O CHEIRO A ROLHA COM PASSIVIDAD­E, MAS NOS EUA AS COISAS SÃO DIFERENTES

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