Correio da Manha - Boa Onda

Porco preto encanta americanos

- Por Edgardo Pacheco

ESTÁ UM TIPO A OLHAR PARA A TELEVISÃO mas sem dar muita atenção ao que se passa no ecrã porque desde que acordou já ouviu, leu e viu a mesma história vezes sem conta quando lê, em rodapé, a seguinte notícia: “Porco preto alentejano ganha concurso nos EUA”. Não foi caso para dar um salto na cadeira, mas foi o suficiente para apanhar o primeiro aparelho à mão com ligação à Internet. Querem ver que demos uma tareia aos espanhóis em matéria de presuntos? Isso é que era bom. Mas, oh!, nada disso. Foi aquele emigrante português nos EUA – Rodrigo Duarte - que, com a sua marca Caseiro e Bom, ficou em primeiro lugar numa categoria que os americanos designam genericame­nte de ‘ fat’ mas que a gente adapta para toucinho. Sim senhor, de acordo com os j urados do Charcuteri­e Masters, que, em Nova Iorque, avaliam oito categorias de produtos transforma­dos de porco, o melhor toucinho lá na América vem do nosso porco preto. Bravo.

Para muita gente isso pode ser motivo de graçola, mas, em rigor, é o reconhecim­ento do trabalho de paixão de alguém que um dia meteu na cabeça que haveria de mostrar aos americanos que há aqui uma raça neste retângulo ( pronto, na península) que quando é criada no campo dá uma carne e uma gordura do outro mundo. E, para isso, Rodrigo Duarte até levou sémen da raça porco alentejano de cá para inseminar porcas americanas até conseguir exemplares o mais puros possível. Não faço ideia se os produtos Caseiro e Bom são de encantar, mas, conhecendo o que a casa gasta, um prémio destes que vem de fora é bem capaz de fazer pela nossa carne de porco alentejano DOP muito mais do que feiras, discursos de políticos ou artigos cá na pátria. Obrigado senhor Rodrigo Duarte.

EMIGRANTE PORTUGUÊS ESTÁ HÁ ANOS A CRIAR PORCO PRETO ALENTEJANO NOS EUA

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