Correio da Manha - Boa Onda

“NUNCA TIVE MEDO DE FALAR DE FADO”

BISNETO DA CANTORA CELESTE RODRIGUES COMEÇOU A TOCAR COM A FADISTA AOS OITO ANOS E ATÉ JÁ CONHECEU MADONNA

-

Como é ver, aos quinze anos, pela primeira vez, o seu nome na capa de um disco [‘ Gaspar’ é o titulo do álbum de estreia]? É ótimo [ risos]. Não estava nadaàes pera de gravar um disco e lançá-lo com esta idade. É incrível.

Porquê a guitarra portuguesa e não a guitarra elétrica ou a bateria, como gostam mais os jovens da sua idade?

Porque é um instrument­o pelo qual me apaixonei desde que me lembro. Eu era tão miúdo que nem consigo precisar que ida detinha. Para além de achar o instrument­o muito bonito, sempre quis aprender a tocá-lo para acompanhar­a minha avó.

E quando é que começou a aprender a tocar?

Eu comecei a aprender aos sete e estreei- me a acompanhar a minha avó, já com público, aos oito anos, nos prémios da Rádio Amália. As mãos de uma criança de sete anos são suficiente­mente capazes de abraçar o braço de uma guitarra? No início comprei uma guitarra pequenina, que mesmo assim ainda me ficava grande [ risos]. Foi nela que comecei a tocar. Ainda tenho essa guitarra comigo. Um dia vou passá- la ao meu filho para ele aprender como eu. E como é que os seus amigos, da mesma idade, veem esse gosto pelo fado? Eu nunca sofri bullying por causa disso [ risos]. Na escola onde andei até há pouco tempo ninguém ligava ao fado. Eu nem puxava o assunto, porque ninguém compreendi­a do que eu estava a falar. Neste mo- mento estou a tirar um curso profission­al na ETIC, e como as pessoas estão mais ligadas à música, já dá para ter outras conversas. Mas eu nunca tive medo de falar de fado. Mas o que é que o atrai no fado: a sonoridade da guitarra ou do fado cantado mesmo? As duas coisas, mas a primeira coisa quem e chamou a atenção foi de facto a guitarra portuguesa. Mas reconhece que não é fácil uma criança gostar de fado? Claro que reconheço, mas eu nasci e cresci numa família em que era impossível não ouvir fado. Desde puto que fui habituado a isto. Eu tanto gosto de guitarrada­s como gosto de acompanhar fadistas. E de que mais gosta um jovem de 15 anos apaixonado por fado?

Eu ouço de tudo, jazz, música brasileira, flamenco, tango, música africana. Fui educado assim. Também gosto muito de rock, porque tenho um irmão que tocava guitarra elétrica e o meu pai andou muito com o Zé Pedro, que era como se fosse um tio para mim.

E cantar é coisa que não o encanta?

Já experiment­ei e deixa lá estar isso, estou muito bem na guitarra [ ri sos]. Não nasci para cantar.

Fez a sua estreia com a sua bisavó Celeste Rodrigues, aos oito anos. As pessoas levaram- no a sério?

As pessoas acharam piada, mas eu levei muito a sério. Até aos meus dez anos foi muito assim. Depois disso comecei a investir a sério na aprendizag­em e hoje acho que as pessoas já não me veem mais como um miudinho. Mas como foi essa experiênci­a aos oito anos com Celeste Rodrigues?

Foi incrível, porque foi a realização de um sonho. Foi a minha primeira vez em palco e logo a acompanhar a minha avó. Ainda por cima, em palco estava também o meu mestre, o Paulo Parreira.

O Gaspar era o que se chama o orgulho da bisavó, não?

Ela nunca me obrigou a tocar, mas claro que ficou muito feliz quando eu tomei a decisão de tocar.

E por causa da sua bisavó conheceu a Madonna e esteve com ela em Nova Iorque! Foi uma experiênci­a muito engraçada. A Madonna é uma pessoa mui t o s i mpáti ca e sempre foi muito querida com a minha avó.

“NA ESCOLA NINGUÉM LIGAVA AO FADO E EU NEM SEQUER PUXAVA O ASSUNTO”

 ??  ??
 ??  ?? GASPARVARE­LA ÉBISNETODE­CELESTE RODRIGUES, AQUEM CARINHOSAM­ENTE CHAMA APENAS‘ AVÓ’
GASPARVARE­LA ÉBISNETODE­CELESTE RODRIGUES, AQUEM CARINHOSAM­ENTE CHAMA APENAS‘ AVÓ’

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal