Correio da Manha - Boa Onda

Mais respeito pelas laranjas

- Por Edgardo Pacheco

POR QUESTÕES DE GOSTO E EDUCAÇÃO, só compro fruta em lojas das grandes cadeias de distribuiç­ão moderna em caso de extrema urgência. Mas, no caso das laranjas, nem isso.

Quem cresce numa zona rural habitua- se a comer os frutos na sua época. Por exemplo, as mandarinas estão prontas em novembro, as tangerinas em dezembro e as laranjas propriamen­te ditas é consoante as variedades em causa. E, como é evidente, cada uma tinha o seu sabor.

Ora, a tristeza de hoje é quando, na moderna distribuiç­ão, nem percebemos bem que variedades de laranja estão disponívei­s. São frutos redondos, de cor alaranjada e está a andar. Em matéria de batatas, até têm mais preocupaçõ­es em esclarecer os clientes.

E essa tristeza é tanto maior quand o s a b e mos q u e Portugal tem terroir específico­s para a produção de laranja – que não apenas o Algarve em modo de agricultur­a intensi va. Em Setúbal, em Vila Viçosa, no Douro, em Tondela ou Benavente produzem- se laranjas de uma qualidade incrível. Aromáticas, saborosas, sumarentas, daquelas que se comem à mão porque meter- lhes uma faca é de muito mau gosto.

E se o leitor quiser saber onde se encontram tais frutos, a resposta é simples: nos mercados municipais próximos das regiões em causa. Esta semana tirei a barriga de misérias, porque me calhou passar por Vila Viçosa e Setúbal. No Mercado dos Lavradores comprei um saco enorme de laranjas. E estava eu à procura de uma nota de 5 € para pagar a despesa quando o senhor me pede 1,75 €. De boca aberta dei- lhe 2 € e voltei as costas. Receber troco seria um insulto ao agricultor/ vendedor e, suponho, um passo rápido para chegar ao inferno.

SÓ NOS MERCADOS MUNICIPAIS PODEMOS COMPRAR LARANJAS AROMÁTICAS E CHEIAS DE SUMO

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