Correio da Manha - Boa Onda

O cliente nem sempre tem razão

- Por Edgardo Pacheco

ISTO DE SE DIZER QUE O CLIENTE TEM SEMPRE RAZÃO parece- me um exercício de cobardia, incompetên­cia e servilismo. Em tempo de redes sociais transforma­das em poços de ódio, as coisas pioram. Não, o cliente nem sempre tem razão e, melhor ainda, deve ouvir isso mesmo de forma educada por parte de quem lhe presta o serviço.

Em matéria de restauraçã­o, numa só semana ouvi histórias que comprovam que eu preferia gelar os ossos no Alasca à pesca do caranguejo real do que servir num restaurant­e.

História A: um cliente pede peixe- galo e, quando o peixe chega à mesa, apercebe- se que a cabeça do bicho está ausente. Com paciência, o funcionári­o explica que há cabeças e cabeças. E que a do peixe galo é um osso duro. O cliente continuou a reclamar e, mais tarde, numa rede social que avalia restaurant­es, escreve poucas e boas do dono do restaurant­e.

Hi st óri a B : u m senhor liga para um restaurant­e e pede uma mesa redonda p a r a u m g r u p o enorme. O restaur a n t e – q u e n ã o costuma juntar tanta gente numa mesma mesa – arranja uma solução. Quando o cliente chega e olha para a mesa começa a disparatar com a disposição da mesa face ao resto do espaço. Abandona o restaurant­e e vai para as redes sociais insultar o dono da casa.

História C: um restaurant­e anuncia na sua página na Net e na própria ementa que não serve refrigeran­tes. Pois, volta não volta tem de ouvir os clientes a vociferar que tal é “inaceitáve­l”, “absurdo” e “prepotente”.

Sei que há ganância nalguma restauraçã­o, mas a outra face da moeda não deve ser a ignorância e a prepotênci­a dos clientes que olham para os donos dos restaurant­es como seus vassalos. Haja bom senso.

HÁ QUEM ENTENDA

QUE O FACTO DE PAGAR A CONTA FAZ DO DONO DO RESTAURANT­E UM VASSALO PESSOAL

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