O cliente nem sempre tem razão
ISTO DE SE DIZER QUE O CLIENTE TEM SEMPRE RAZÃO parece- me um exercício de cobardia, incompetência e servilismo. Em tempo de redes sociais transformadas em poços de ódio, as coisas pioram. Não, o cliente nem sempre tem razão e, melhor ainda, deve ouvir isso mesmo de forma educada por parte de quem lhe presta o serviço.
Em matéria de restauração, numa só semana ouvi histórias que comprovam que eu preferia gelar os ossos no Alasca à pesca do caranguejo real do que servir num restaurante.
História A: um cliente pede peixe- galo e, quando o peixe chega à mesa, apercebe- se que a cabeça do bicho está ausente. Com paciência, o funcionário explica que há cabeças e cabeças. E que a do peixe galo é um osso duro. O cliente continuou a reclamar e, mais tarde, numa rede social que avalia restaurantes, escreve poucas e boas do dono do restaurante.
Hi st óri a B : u m senhor liga para um restaurante e pede uma mesa redonda p a r a u m g r u p o enorme. O restaur a n t e – q u e n ã o costuma juntar tanta gente numa mesma mesa – arranja uma solução. Quando o cliente chega e olha para a mesa começa a disparatar com a disposição da mesa face ao resto do espaço. Abandona o restaurante e vai para as redes sociais insultar o dono da casa.
História C: um restaurante anuncia na sua página na Net e na própria ementa que não serve refrigerantes. Pois, volta não volta tem de ouvir os clientes a vociferar que tal é “inaceitável”, “absurdo” e “prepotente”.
Sei que há ganância nalguma restauração, mas a outra face da moeda não deve ser a ignorância e a prepotência dos clientes que olham para os donos dos restaurantes como seus vassalos. Haja bom senso.
HÁ QUEM ENTENDA
QUE O FACTO DE PAGAR A CONTA FAZ DO DONO DO RESTAURANTE UM VASSALO PESSOAL