Afinal, o açúcar não dá diabetes...
EM MATÉRIA ALIMENTAR O MEU LEMA é, alínea a) cada um deve comer o que lhe apetece; alínea b), cabe ao Estado fornecer aos cidadãos informação credível – muito credível – sobre os malefícios ou os benefícios da ingestão deste ou daquele produto; e, alínea c), aceito que produtos que comprovadamente afetam a saúde dos cidadãos e as finanças públicas devem ser penalizados fiscalmente. A partir daqui cada um é livre de decidir o que fazer com a sua vida.
O que me escandaliza são as manhas e os truques de algumas multinacionais da indústria alimentar, que, com toda a liberdade, financiam cientistas para produzirem estudos que asseguram o caráter saudável daquilo que vendem. E quando a gente pensa que já viu tudo a ca ba por l er n o j o r n a l ‘ Le Monde’ da semana passada q u e a C o c a - Cola gastou 8 milhões de euros a financiar médicos para d i z e r e m q u e não existe evidência científica entre consumo de refrigerantes ( com açúcar ou edulcorantes) e o aumento de problemas de saúde pública, em concreto a obesidade e a diabetes. São duas páginas com informações assustadoras que dissertam sobre cientistas que ninguém conhece, médicos famosos que alinham nos esquemas ou resultados manipulados.
Não deixa de ser engraçado que a UE produza mecanismos cada vez mais burocratizados para a rotulagem alimentar ou que muitos Estados proíbam - e bem - o financiamento de viagens e outras mordomias aos médicos por parte da indústria farmacêutica, mas permita que a indústria alimentar possa livremente produzir estudos supostamente científicos para enganar o povo. É o que temos. Só falta, para a semana, lermos algum estudo que demonstre que comer hambúrgueres faz baixar o colesterol.
A COCA- COLA FINANCIA MÉDICOS
PARA DIZEREM QUE OS REFRIGERANTES NÃO FAZEM MAL