Correio da Manha - Boa Onda

Um jeito meio tímido de seduzir

- POR MIGUEL AZEVEDO JORNALISTA

De vestido vermelho e casaco branco que refletia a luz dos holofotes, Maria Bethânia subiu, naquela noite, ao palco do Coliseu de Lisboa, para apresentar um espetáculo sugestivam­ente intitulado ‘Especial Portugal’. Ali, leu textos de poetas portuguese­s, como Fernando Pessoa ou Sophia de Mello Breyner, e interpreto­u canções conhecidas do público, entre as quais, ‘Foi por Vontade de Deus’ ou ‘Cheira Bem, Cheira a Lisboa’. No final, o público aplaudiu mas reclamou, reclamou por mais, mais palavras declamadas e cantadas, mais tempo de voz e mais música. Desde aquele verão de 2011, altura em que foi condecorad­a com o Grau de Mérito pela Câmara de Lisboa, Bethânia regressou a Portugal mais umas quantas vezes, com destaque para a primavera de 2015 quando trouxe o envolvente espetáculo ‘Abraçar e Agradecer’, numa altura em que já tinha gravado Fernando Pessoa, o seu poeta preferido. Agora, a ‘abelha rainha’, está de volta a Portugal, para novo momento de enamoramen­to a Portugal e ao público português. Bethânia sobe amanhã ao palco do Coliseu do Porto e dias 18 e 19 ao Coliseu de Lisboa. Antes dos espetáculo­s na capital, a cantora apresenta-se para uma noite de poesia no Teatro Tivoli num espetáculo inédito de leitura onde promete arrebatar emoções. Ela, que apesar dos mais de 50 anos de carreira, continua sem ter noção do alcance que pode ter a forma com que as palavras saem da sua boca. Em Abril, numa entrevista curiosa, de rara intimidade, onde falava de família e amor, Bethânia revelava o seu “jeito” meio desconcert­ado para conquistar os outros. "Não sei seduzir nada. Eu sei cantar. Se você me mandar seduzir alguém, eu vou errar total”.

FERNANDO PESSOA CONTINUA A SER O POETA PREFERIDO DE BETHÂNIA

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