Viver em público, morrer em público
`CONHECIDOS' EXIBEM DESCONTROLADAMENTE A VIDA PRIVADA
A morte do ‘cabeleireiro dos famosos’ Eduardo Beauté originou uma narrativa de mistério porque ele fez a sua vida privada e até profissional em público. Quem quisesse sabia tudo, primeiro dos êxitos e felicidade, depois da queda de tudo isso.
Na TV, imprensa e redes sociais, o cabeleireiro e outros protagonistas da sua vida expunham sistematicamente detalhes da vida privada, incluindo a das crianças. Quando entram nesse esquema, é um novelo que vão desenrolando até à morte e depois. ‘Desliga a Televisão’ (RTP1) é mais uma série que goza com a própria TV, exagerando a frioleira dos vários géneros de entretenimento e notícias, através dum zapping feito como se pelo próprio telespectador. Alguns quadros têm alguma graça.
A produtora apresentou o zapping integrado em ‘Desliga a Televisão’ como “inovação”, mas é uma cópia da genial série britânica ‘Broken News’ (2005). Esta era no registo 100% irónico, enquanto que a série portuguesa é em registo de comédia de revista. ‘Desliga a Televisão’ goza com géneros que a própria RTP1 apresenta, na sua opção por programação comercial, sem um pingo de ‘serviço público’, como concursos de ignorância geral, comes e bebes, apresentadores a andar dum lado para o outro.
A audiência média de‘Prémio de Sonho’ (SIC) desde 5 de Agosto ficou abaixo de‘O Preço Certo’(RTP1), mostrando que em televisão não há vencedores à partida. Cristina Ferreira, a heroína da SIC em 2019, também terá de aprender com a derrota.