Nos bastidores da revista à portuguesa
`PARE, ESCUTE E... RIA!' É A NOVA APOSTA DE HÉLDER FREIRE COSTA E FAZ HOMENAGEM AO HUMORISTA HERMAN JOSÉ. O ESPETÁCULO ASSINALA A ESTREIA DE SARA BARRADAS NA REVISTA À PORTUGUESA
Nos camarins faz um calor insuportável, apesar de as janelas do teatro estarem todas abertas. Entre os artistas – atores e bailarinos – reina o nervoso miudinho. “Onde estão os meus brincos?”, pergunta uma atriz à beira das lágrimas.“Ah, já encontrei!”, acrescenta pouco depois, aliviada. Os bailarinos aquecem os músculos, os atores afinam a voz e dão os últimos retoques na maquilhagem. Miguel Dias reza. Ou assim parece, de tão concentrado. Flávio Gil, o encenador, dá as últimas indicações. “Entras por ali e páras. Fica bonito!”
Estamos na antestreia da nova Revista à Portuguesa do Teatro Maria Vitória, no Parque Mayer, em Lisboa, e parece que toda a gente sustém a respiração... até que o pano sobe, a música arranca e os artistas surgem, finalmente, como peixes na água, no seu elemento natural. O palco.
‘Pare, Escute e... Ria!’ é a última aventura do empresário Hélder Freire Costa e homenageia Herman José, “um homem que nasceu no Parque Mayer e a partir daí construiu uma carreira sem par no nosso país”. É, também, o espetáculo que assinala a estreia no género da atriz Sara Barradas, que, garante o produtor, o “surpreendeu em toda a escala”. “A Sara é a grande surpresa deste espetáculo: eu via-a na televisão, claro, mas nunca me passou pela cabeça que fosse tão boa, que se desse tão bem em Revis
ta. A interpretação dela é superior: vai bem em todos os quadros, nos mais ínfimos pormenores”, afirma o empresário.
Nesta Revista “diferente”, em que “os atores participam nos números todos uns dos outros”, há momentos emocionantes. “Temos o último fado que o Eugénio Pepe compôs, ele, que faleceu recentemente, e que é aqui homenageado pela Elsa Casanova, a nossa atração de fado”, acrescenta Hélder Freire Costa. E há, como não podia deixar de ser, sátira política, com críticas à direita e à esquerda. “Mas sem ofender ninguém”, garante o produtor. “Os textos são da equipa de sempre: do Flávio Gil, do Miguel Dias e do Renato Pino, e abordam todos os temas quentes da atualidade, desde a Banca ao Centro Cultural de Belém, tudo aquilo que os portugueses tiveram de pagar, e bem, do seu bolso.”
ACIDENTES E AUSÊNCIAS
À porta do Maria Vitória, a fazer fila, muitas caras conhecidas. Io Appolloni, Maria João Abreu, Vítor Espadinha, Teresa Guilherme... todos foram entrando e ocupando os seus lugares. A ausência mais notada da noite foi mesmo a do ator Paulo Vasco, cabeça de cartaz, que sofreu um pequeno acidente pouco antes da estreia, fraturou um joelho e não pôde atuar. “Deve estar pronto para vir dentro de uma ou duas semanas”, justificou o colega Pedro Silva. O outro grande ausente? O próprio Herman José, a figura homenageada cuja agenda “não permitiu” ir ao Parque Mayer. “O Herman é o maior. Com tantos anos de carreira, continua a trabalhar por todo o País e só porque está a trabalhar que não pode estar aqui connosco.”
Em cena, entre canções e piadas, os números sucedem-se, o público ri e aplaude, a boa-disposição impera. Nos momentos mais sérios, há silêncio na sala e os aplausos ecoam mais alto. Hélder Freire Costa olha para a cena e parece ser o mais satisfeito de todos. “É uma Revista lindíssima. Uma revista toda feita de plumas!”
O ATOR PAULO VASCO, CABEÇA DE CARTAZ, TEVE UM ACIDENTE E NÃO PÔDE ESTAR
PRESENTE NA ESTREIA