O regresso do humor Três grandes palhaços
ANTÓNIO PIRES DIRIGE PEDRO PERNAS, RÚBEN MADUREIRA E TELMO RAMALHO NUM TEXTO DE SUCESSO GARANTIDO
Apeça já é conhecida do público português.‘As Obras Completas de William Shakespeare em 97 Minutos’ fez sucesso na encenação de Juvenal Garcês e esteve vários anos em cartaz no Teatro Estúdio Mário Viegas, em Lisboa. Diz-se que fez rir mais de um milhão de espectadores. Agora, está de volta, mas com nova encenação. António Pires foi desafiado por Paulo Dias, diretor da UAU, para montar a peça dos norte-americanos Adam Long, Daniel Singer e Jess Borgeson e está a apresentar no Auditório dos Oceanos uma versão “rigorosa até ao último detalhe” de um texto que tem feito furor nos palcos de todo o Mundo.
“Eu não cheguei a ver a versão do Juvenal porque o espetáculo estava sempre esgotado”, confessa o encenador. “Mas já tinha visto uma montagem em Londres, na década de 90. Quando peguei no texto, percebi que isto é, no fundo, um espetáculo de ‘clown’. As peças do Shakespeare servem de ponto de partida para fazer números clássicos de palhaço...”, revela.
Como o usufruto pleno do humor desta peça implica que o espectador seja um razoável conhecedor do universo shakespeariano, António Pires arranjou maneira de colocar os três intérpretes – Pedro Pernas, Rúben Madureira e Telmo Ramalho – a apresentarem, em cena, resumos da ação de cada texto. Só assim as coisas fazem pleno sentido.
ATORES COM GRAÇA
António Pires diz que o elenco do espetáculo foi escolhido a meias com Paulo Dias, e que os nomes foram “consensuais”. Os três escolhidos tinham ampla experiência no reino da gargalhada. “Com o Rúben e com o Pedro eu já tinha trabalhado noutros projetos, no caso do Telmo, ele chegou a fazer a outra versão do espetáculo...”, revela António Pires. “O que aqui lhes é pedido é que tenham um diálogo muito próximo com o público – que é um fator deci
sivo para a ação desta peça – e depois foi acrescentado ao texto original piscares de olho à realidade nacional. Há referências à Rosa Grilo, à Bernardina, à Maria Leal... à CMTV! Piadas que só é possível fazer hoje”, garante o encenador, que diz que “é evidente” que está à espera de um grande êxito de público. “É o que espero sempre que faço um espetáculo, mas nunca se sabe, não é? Às vezes há grandes surpresas... Alguma vez me passou pela cabeça que o espetáculo ‘Lar Doce Lar’, que fiz com a Maria Rueff e o Joaquim Monchique ficasse três anos em cena? Nunca. Mas aconteceu. O que posso dizer é que as pessoas que têm vindo ver o espetáculo saem cansadas de tanto rir...”, conclui.
A mesma impressão – de que vem aí um êxito – têm os atores, satisfeitos com um projeto que dizem ser “de grande rigor”.“Aqui não há margem para improvisação, para meter buchas a torto e a direito. Aqui temos de dizer o texto e executar os movimentos com a precisão de um relógio suíço”, diz o ator Pedro Pernas. Ao que Telmo Ramalho acrescenta: “Só posso dizer isto: fiz uma versão desta peça e não tem nada a ver com o que estou a fazer no palco do Auditório dos Oceanos. São propostas de universos distintos.”