Uma madame sem telemóveis
Entrevistados à porta do BAM Howard Gilman Opera House, em Nova Iorque, poucos minutos depois de ter terminado o primeiro concerto da nova digressão de Madonna, ‘Madam X’, fãs da rainha da pop, que tinham vindo de todo o Mundo, sublinhavam “a espetacularidade da produção”, a “teatralidade”, “o lado politizado do concerto” ou “a boa forma da cantora”. Nenhum fez referência ao preço dos bilhetes e muito menos ao facto de não terem podido entrar de telemóveis no espetáculo. A verdade é que esse facto foi notícia em todo o Mundo. E tê-lo-á sido, não tanto por ter acontecido num concerto de Madonna, mas porque, pela primeira vez, em muito, muito tempo, um espetáculo de um grande artista de nome internacional decorreu isento dessa praga dos smartphones, içados e hasteados lá no alto de forma indiscriminada por quem insiste e persiste em passar mais tempo a olhar para o ecrã do telemóvel do que para o palco. Em 2014, já Roger Daltrey, dos The Who, dizia que “tinha pena desta gente” e, mais recentemente, depois de um espetáculo dos Rolling Stones no Rio de Janeiro, Mick Jagger chegou a dizer que, em alguns momentos, se tinha sentido algo frustrado a cantar apenas para um mar de telemóveis. Ora, enquanto não aparecem tecnologias inovadoras que impeçam a gravação de concertos com telemóveis (já estão a ser estudados emissores de infravermelhos que inibem as câmaras dos telemóveis de fazer registos), caberá certamente aos músicos policiarem os seus próprios espetáculos. O futuro próximo poderá passar por aqui. Parafraseando algo que li esta semana, está na hora de pensarmos que Mundo queremos deixar para os… Rolling Stones.
RAINHA DA POP IMPEDIU FÃS DE CAPTAREM IMAGENS