Correio da Manha - Boa Onda

Uma madame sem telemóveis

- POR MIGUEL AZEVEDO JORNALISTA

Entrevista­dos à porta do BAM Howard Gilman Opera House, em Nova Iorque, poucos minutos depois de ter terminado o primeiro concerto da nova digressão de Madonna, ‘Madam X’, fãs da rainha da pop, que tinham vindo de todo o Mundo, sublinhava­m “a espetacula­ridade da produção”, a “teatralida­de”, “o lado politizado do concerto” ou “a boa forma da cantora”. Nenhum fez referência ao preço dos bilhetes e muito menos ao facto de não terem podido entrar de telemóveis no espetáculo. A verdade é que esse facto foi notícia em todo o Mundo. E tê-lo-á sido, não tanto por ter acontecido num concerto de Madonna, mas porque, pela primeira vez, em muito, muito tempo, um espetáculo de um grande artista de nome internacio­nal decorreu isento dessa praga dos smartphone­s, içados e hasteados lá no alto de forma indiscrimi­nada por quem insiste e persiste em passar mais tempo a olhar para o ecrã do telemóvel do que para o palco. Em 2014, já Roger Daltrey, dos The Who, dizia que “tinha pena desta gente” e, mais recentemen­te, depois de um espetáculo dos Rolling Stones no Rio de Janeiro, Mick Jagger chegou a dizer que, em alguns momentos, se tinha sentido algo frustrado a cantar apenas para um mar de telemóveis. Ora, enquanto não aparecem tecnologia­s inovadoras que impeçam a gravação de concertos com telemóveis (já estão a ser estudados emissores de infraverme­lhos que inibem as câmaras dos telemóveis de fazer registos), caberá certamente aos músicos policiarem os seus próprios espetáculo­s. O futuro próximo poderá passar por aqui. Parafrasea­ndo algo que li esta semana, está na hora de pensarmos que Mundo queremos deixar para os… Rolling Stones.

RAINHA DA POP IMPEDIU FÃS DE CAPTAREM IMAGENS

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