Correio da Manha - Boa Onda

Bossa Nova Cheirinho a Brasil dá cor a Lisboa

ESTA NOITE, O CCB ABRE AS PORTAS À BOSSA NOVA PARA ASSINALAR OS 60 ANOS DE UM GÉNERO QUE MUDOU A HISTÓRIA DA MÚSICA BRASILEIRA

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Reza a história que foi no decorrer de uma aula de Medicina, na Faculdade do Rio de Janeiro, nos anos 30, que o compositor Noel Rosa (um dos maiores sambistas da história do Brasil) ouviu pela primeira vez o termo ‘bossa’, uma gíria médica para designar uma “protuberân­cia arredondad­a na superfície do crânio”, que, segundo uma ciência chamada Frenologia, determina a vocação e a capacidade das pessoas. O termo, que acabou por ser usado pelo próprio Noel Rosa no samba ‘São Coisas Nossas’ e que foi um pouco mais tarde adotado por um grupo de sambistas que se autointitu­lou ‘Cantores de Bossa’, passou a ser utilizada, nos anos 50, para designar tudo e qualquer coisa que fugisse fora da normalidad­e. Por essa altura, alguns jovens músicos cariocas, cansados de uma certa estagnação do samba, já se reuniam em saraus caseiros para encontrar uma nova forma de o tocar. Iam chegando e aumentando o movimento. Dele fizeram parte, entre muitos outros, Nara Leão, Carlos Lyra, Roberto Menescal e João Gilberto, aquele que ainda hoje é considerad­o o pai da bossa nova. É dele aquelas que, para muitos, são as canções seminais de todo o género, ‘Chega de Saudade’ e ‘Desafinado’, este último feito de forma superior por António Carlos Jobim e Newton Mendon

GÉNERO DEU OS PRIMEIROS PASSOS NOS

ANOS 50

ça. Foi lançada em 1959, em resposta àqueles que diziam que a bossa nova era um género para desafinado­s. Ora, é toda esta história que é transporta­da esta sexta-feira para o palco do CCB num projeto da autoria dos baianos Murilo Miranda e Rodolfo Carvalho intitulado ‘60 Anos Bossa Nova’. O projeto, que também tem edição em disco, conta, ao vivo, com as participaç­ões do Quarteto do Rio (ex-Os Cariocas), Roberto Menescal, Wanda Sá, Marcelo Caldi (pianista e acordeonis­ta) e João Cavalcanti (cantor e compositor), representa­ndo uma referência ao encontro entre Tom Jobim, Vinicius de Moraes, João Gilberto e Os Cariocas, na década de 1960, na discoteca Au Bon Gourmet, em Copacabana, berço da bossa nova.

De ritmo calmo, influencia­do pelo samba e pelo jazz, de violão ou piano, a bossa nova vai ouvir-se hoje em Lisboa, como se estivéssem­os em Ipanema, como se fosse no Rio .“Isto aqui,ôôÉ um pouquinho de Brasil iá iá”.

ROBERTO MENESCAL, WANDA SÁ

OU JOÃO CAVALCANTI

SÃO ALGUNS DOS MÚSICOS QUE ESTARÃO EM PALCO

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1. Wanda Sá, 75 anos, é uma das grandes representa­ntes da bossa nova 2. João Cavalcanti e Marcelo Caldi 3. Roberto Menescal tem 81 anos e foi um dos fundadores do género. Nos anos 50 já se reunia nos saraus em casa de Nara Leão
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