O primeiro dos corajosos
Otítulo de ‘Último Romântico’ ainda lhe pertence a ele, a Lulu Santos. Foi casado durante quase trinta anos com a mesma mulher, um facto que vai rareando no meio artístico, mas no ano passado assumiu, de forma corajosa e sem receios, a sua relação homossexual com o analista de sistemas Clebson Teixeira, para todo o Brasil ouvir. Aos 66 anos, assumiu-o para os da sua geração e para os mais novos. Como um exemplo. E fê-lo quando o tribunal federal ainda estava a um ano de determinar que a discriminação por orientação sexual e identidade de género passasse a ser considerada um crime (aconteceu no passado dia 13 de junho).“O que houve foi a coragem de não temer represálias ou consequências”, dizia-me em entrevista na recente passagem por Portugal, país onde não vinha há quinze anos e onde ainda não tinha realizado nenhuma digressão em mais de 35 anos de carreira. E como romântico que é, Lulu Santos assumiu a sua orientação sexual, também de forma artística, através do disco que veio apresentar entre nós, sugestivamente intitulado ‘Pra Sempre’. “As oito canções novas foram feitas como se fossem um diário da minha paixão. É que uma pessoa apaixonada compõe como quem fala. Pela lente do amor tudo é bonito. A arte está presente em todo o lado. Vemos cor, sentimento e poesia em tudo. Quem está apaixonado, está sempre inspirado”. Mas no final lá desabafou: “De momento, nós vivemos uma onda de conservadorismo grande no Brasil que se sentiu empoderada pela eleição do último presidente”, e não escondeu um desejo: “ainda estou à espera que alguém seja condenado por descriminação. Aí eu vou acreditar que alguma coisa mudou na lei.”
AOS 66 ANOS LULU SANTOS ASSUMIU A SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL