Kyle Eastwood “Costumo tocar com o meu pai em casa”
FILHO MAIS VELHO DE CLINT EASTWOOD COMEÇA HOJE, EM COIMBRA, A DIGRESSÃO PELO PAÍS PARA APRESENTAR O NOVO DISCO, `CINEMATIC', QUE É UM TRIBUTO AO CINEMA E AOS GRANDES COMPOSITORES
Este novo álbum - ‘Cinematic’ - é uma homenagem ao cinema, com temas de Ennio Morricone, Michel Legrand, e outros compostos por si (‘Gran Torino’) e pelo seu pai, Clint Eastwood (‘Unforgiven’). Como é que fez a seleção?
Escolhi temas dos meus compositores favoritos e músicas que pudessem ser adaptadas ao jazz. Também tive o cuidado de incluir alguns temas que fossem facilmente reconhecidos pelas pessoas. Levei cerca de dois meses a fazer a seleção e demorámos quatro dias a gravar. Acho que fizemos um bom trabalho.
Hoje arranca a digressão por Portugal, com quatro concertos no Misty Fest até dia 18 (Coimbra, Espinho, Porto e Estoril). Conhece o jazz português? Conheço um pianista muito bom…
O Mário Laginha?
Sim, esse mesmo. É muito bom. E conheço o fado, que adoro.
Sendo filho de quem é, nunca se deixou tentar pela representação?
Cresci rodeado de cinema e música, sobretudo jazz. Lembro-me que o primeiro concerto que vi foi Count Basie’s Big Band, em 1976. Todos os anos ele levava-me a assistir ao Monterey Jazz Festival, na Califórnia, perto da nossa casa. Foi lá que vi Stan Getz, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Gil
Evans e Buddy Rich, entre outros.
Então percebeu logo que essa era o caminho a seguir?
Ainda participei em alguns filmes e cheguei a estudar realização na universidade. Depois, quando tinha uns 18 anos, comecei uma banda em Los Angeles. Disse aos meus pais que ia fazer um intervalo de um
ano para estudar música e decidir o que queria fazer. Desde então nunca mais parei de tocar.
O seu pai toca piano. Porque escolheu o baixo?
Tive lições de piano durante muitos anos. Depois fiz um filme com o meu pai quando tinha 13/14 anos, onde tinha de tocar guitarra. Além disso, sempre me senti atraído pelos ritmos da bateria e do baixo.
O apelido Eastwood facilitou-lhe a vida?
Nem sempre... Se o interesse que o nome do meu pai desperta levar as pessoas a conhecer a minha música, ótimo. E se gostarem e apreciarem o meu trabalho por ele só, ainda melhor.
Costuma tocar com o seu pai?
Em casa sim. Em palco é muito raro, porque ele não gosta. Mas quando há uma festa ou a família se reúne, sim.
Tem uma filha de 25 anos que também adora jazz...
Sim, mas mais ‘groovy’. Quando ela era mais pequena tocava-lhe muito James Brown e funk. Ela canta muito bem e toca bateria.
Então podem formar um trio...
Já tocámos juntos, mas nunca com o meu pai. É uma boa ideia. Pode ser que aconteça neste Natal...
“A MINHA FILHA CANTA E TOCA BATERIA”