Correio da Manha - Boa Onda

As confissões de duas amigas

`ELAS' É O NOME DO NOVO PROJETO QUE UNE AS DUAS ARTISTAS

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AMIGAS HÁ CERCA DE DEZ ANOS E ADMIRADORA­S DO TRABALHO UMA DA OUTRA, CONHECERAM -SE NUMA NOITE NUM BAR, EM LISBOA, DO QUAL JÁ SAÍRAM DE MANHÃ DEPOIS DEOITO HORAS DE CONVERSA. AS DUAS CANTORAS MATERIALIZ­AM AGORA EM DISCO O RESPEITO E O CARINHO QUE AS UNE. O PROJETO `ELAS' ESTÁ AÍ COM O PRIMEIRO DISCO SINGLE, `9' `EU GOSTO DE TI' E O PRIMEIRO

“O BRILHO DE U MA DÁ FORÇA À OUTRA”

Quem é que desafiou quem para gravar este disco? Aurea - Foi a Marisa. Um dia convidou-me para jantar! [risos] Marisa - Eu já andava com a ideia de a convidar para gravar e um dia liguei-lhe. Fomos ao Solar do Nunes, em Alcântara, onde eu costumo ir sempre que preciso de fechar um negócio [risos]. Na verdade, acho que isto já andava na cabeça das duas. Eu é que me cheguei à frente.

Mas quando a Marisa chega a esse jantar, já levava na cabeça aquilo que queria fazer?

Aurea - Sim. Ela já tinha tudo pensado. Basicament­e, foi uma coisa imposta [risos]. Ela queria gravar um disco, fazer um canal de YouTube, e mostrar-nos de uma forma diferente, queria que cantássemo­s em português e em inglês e portanto estava tudo pensado. Eu fiquei ali a ouvi-la a debitar informação [risos].

Marisa - Mas fazer este disco foi uma loucura e acabou por ser tornar uma coisa muito emocional.

Como assim?

Marisa - Acho que eu e a Aurea vínhamos com a emoção um bocadinho cansada. São muitos anos a lutar pelas coisas, seja dentro do palco, seja fora dele. E acho que isso foi um sinal de que esta seria uma boa altura para ambas. Estávamos disponívei­s a nível emocional e físico. A partir de setembro juntámos então os originais que entretanto nos tinham enviado, escolhemos algumas versões e fomos para estúdio.

E como é que decorreu esse processo de gravação.

Aurea - Nós queremos o melhor uma para a outra e, por isso, este foi um trabalho em que nos respeitámo­s muito. Os egos ficaram completame­nte à parte...

Marisa - ... Até acho que foi o contrário: o brilho de uma dá força à outra. Gravámos ao mesmo tempo, frente a frente. Foi tudo muito fácil. E o engraçado disto é que sabemos que temos muito a aprender. Vem aí certamente uma digressão. Eu nunca fui uma artista a solo e a Aurea nunca foi uma artista de banda. Portanto, as duas vamos levar as nossas experiênci­as para a estrada e isso será muito enriqueced­or.

Vamos abrir então o livro do elogios. O que é que cada uma aprecia mais na outra?

Marisa - Eu acompanho o caminho da Aurea desde o início. Recordo-me perfeitame­nte da primeira vez que a vi a cantar, num programa da TVI. Eu na altura ainda estava com os Donna Maria e o baterista disse-me que eu tinha que ou

“QUEREMOS O MELHOR UMA PARA A OUTRA”

vir uma miúda que tinha aparecido aí que cantava “à grande”. Fui à procura e nunca mais esqueci aquela imagem, ela de cabelo loiro comprido, descalça e de vestido preto. E o soul que ela tinha e tem na voz é qualquer coisa. Aliás, eu costumo dizer que a Aurea tem uma negra enorme dentro dela [risos]. Quando a Aurea canta o que mais me toca é a facilidade com que ela o faz. Ela canta tão bem, às oito da manhã, à meia-noite ou às quatro da madrugada [risos]. Parece que é fácil mas não é. E acho que logo ali, quando a ouvi, a personalid­ade dela deixou-me intrigada. E depois foi a vida que nos juntou. Um dia encontrámo-nos num bar, o Templários, onde já conheci muita gente, e ficámos a conversar seis ou oito horas seguidas. Quando saímos do bar já era de manhã.

E a Aurea, lembra-se da primeira vez que ouviu a Marisa?

Aurea - Eu já ouvia a Marisa desde os

Donna Maria...

Marisa - Se dizes a frase “quando eu era pequenina”, vou ter de refazer os meus elogios [risos]...

Aurea -... Eu tinha treze anos e já adorava a forma como ela cantava. A Marisa tem uma facilidade enorme em ter o coração ligado à boca. Ela canta com uma verdade enorme e há muito pouca gente que me consegue fazer sentir o que ela faz. Mesmo quando fala, ela diz o que lhe vem à cabeça e no mundo atual é raro encontrar quem fale sem filtros. Ela não tem problemas em dizer que não gosta da minha roupa [risos]. E depois ela tem um cuidado imenso com as pessoas de quem gosta e essa parte as pessoas não veem. Ela é uma leoa com as pessoas dela. Uma mulher de força.

O single ‘Gosto de Ti’ foi escrito pela Marisa. Já foi a pensar na Aurea?

Marisa - Essa foi a primeira música que fizemos a pensar no projeto. Na altura eu estava muito nervosa porque não sabia ainda muito bem que tipo de mensagem podia passar nesta primeira abordagem. Então escrevi esta letra a pensar na nossa vida: quando vamos embora quem é que fica à nossa espera. Então escrevi esta música a pensar no avô da Aurea e na minha mãe.

“VAMOS LEVAR AS NOSSAS

EXPERIÊNCI­AS PARA A ESTRADA E ISSO SERÁ MUITO ENRIQUECED­OR”

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