Gatos mutantes perdem carisma
MUSICAL `CATS' CHEGA COM POMPA E CIRCUNSTÂNCIA MAS OS EFEITOS ESPECIAIS, QUE TORNAM OS FELINOS EM HUMANOIDES DIGITALIZADOS, ACABAM POR COMPROMETER O RESULTADO FINAL
Omusical estreou há 38 anos em Londres, mas tornou-se um fenómeno global quando a Broadway pegou nele e o tem exibido anos a fio. ‘Cats’, já nos cinemas portugueses, ganhou agora a forma de filme e parece ter tudo para singrar: um elenco de luxo, que inclui Taylor Swift, Idris Elba, Judi Dench ou Ian McKellen; um orçamento chorudo (de mais de 85 milhões de euros) e pejado de efeitos digitais; e a música de Andrew Lloyd Webber, inflacionada por novos números e temas inéditos.
No entanto, esta produção falha em quase todas as frentes, sendo que a principal fragilidade está, precisamente, na tecnologia que insiste em tornar os felinos em humanoides artificiais, num trabalho de digitalização que afasta qualquer esforço de empatia.
‘Cats’ é muito simples em termos narrativos: limita-se a apresentar personagens excêntricas e peludas, enquanto é preciso decidir qual delas vai ascender a uma outra dimensão para representar a tribo Jellicle e viver uma nova vida. É apenas isso, num penoso exercício cheio de coreografias excessivas e dotes vocais, que muitas vezes ultrapassam o limite do suportável.
Depois de receber um Óscar por ‘O Discurso do Rei’ (2010) e apostar no musical na obra ‘Os Miseráveis’ (2012), o realizador Tom Hooper viu-se a braços com as críticas logo que o trailer deste ‘Cats’ foi parar às redes sociais. Múltiplas vozes condenaram o aspeto visual do filme, o que forçou o cineasta a refazer várias cenas até 36 horas antes da estreia mundial. O esforço de última hora pouco valeu, já que ‘Cats’ respira falhanço por todos os poros.
MUSICAL FOI CRIADO HÁ 38 ANOS EM LONDRES E GANHOU NOTORIEDADE QUANDO FOI ADAPTADO NA BROADWAY