Correio da Manha - Boa Onda

Héber Marques

VOZ DOS HMB ESTÁ DE REGRESSO COM PROJETO A SOLO

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Otrabalho solitário é mais desafiante para um músico? Eu acho que não. Acho que o trabalho dentro de uma banda é mais desafiante. Claro que é mais difícil montar um coletivo, mas depois tudo se torna mais fácil pelo facto de se ter a possibilid­ade de dividir o trabalho.

Mas trabalhar sozinho obriga a rever métodos e disciplina­s de trabalho, ou não? Obriga-me a estar mais atento. Como não tenho os ouvidos nem os olhos de outras pessoas, tenho de estar mais focado e isso, claro, que me obriga a rever métodos e formas de trabalhar.

E como é esse processo de composição mais solitário. A inspiração demora mais?

Eu acho que as coisas acabam sempre por aparecer na hora ‘H’. É preciso é ter uma certa paz de espírito e a cabeça disponível para saber lidar com a folha em branco. Claro que eu já passei por momentos em que achei que já não sabia compor e que o melhor era arrumar as guitarras e vender o material todo [risos]. Mas depois também há momentos em que as coisas vêm como uma cascata e em que percebemos que isto da composição não é nenhum bicho de sete cabeças. Compor é um trabalho de paciência. Já aprendi que não se pode cair no desespero.

No seu caso, composição é sinónimo de isolamento?

Não. Curiosamen­te eu nunca senti necessidad­e de me isolar das pessoas ou de fugir para longe. Se calhar é uma experiênci­a que um dia tenho que considerar [risos]. Comigo é exatamente o contrário, a música que ouço, as pessoas e os baru

“JÁ FIZ UMA CANÇÃO NO MEIO DE UMA FESTA”

lhos que escuto às vezes até me sugerem melodias e temas para escrever. Eu já fiz uma canção inteira no meio de uma festa de aniversári­o.

Para quem tem uma banda, é possível ter um projeto a solo e não ser contaminad­o pelo coletivo?

Os HMB surgiram já depois de eu ter dois discos editados e depois de ter percebido que aquilo que eu andava a compor não se enquadrava no que era o meu projeto. E este disco surgiu da mesma maneira. Passei por um deserto enorme de composição em que não conseguia compor e já estava a dar em louco. E, de repente, começaram a surgir coisas que não tinham nada a ver com HMB. Eram coisas mais folk e mais tradiciona­is. E daí nasceu este disco.

Quando partiu para este ‘Amanhã’ já levava uma ideia definida do que queria fazer ou as canções foram surgindo avulso?

Com o tempo nós vamo-nos conhecendo melhor e eu percebi que dentro das canções que faço está a minha terapia. Muitas vezes eu encontro respostas para as minhas dúvidas nas canções que escrevo. E este ‘Amanhã’ é muito sobre isso. As canções foram aparecendo com esse vínculo sobre o ‘amanhã’, com um olhar melancólic­o mas positivo.

Canta neste disco que o tempo “faz-nos maduros e seguros”. Este Héber de hoje é muito diferente daquele que em 2007 formou os HMB?

Ui! Mudou tanta coisa. Essa parte da letra surgiu depois de uma conversa que tive com um amigo que também é compositor e ele é que me deu esse mote. Com ele acabei por escrever ao resto da música.

Como é que vai fazer este disco para o palco?

Esse está a ser o grande desafio. Mas há de ser sempre um concerto mais intimista em que eu vou querer cantar olhos nos olhos com os fãs. Os HMB são mais festivos.

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