Correio da Manha - Boa Onda

Hollywood Orchestra O cinema que se ouve

REVIVER AS BANDAS SONORAS DE ALGUMAS DAS MAIORES PRODUÇÕES DA SÉTIMA ARTE

- POR MIGUEL AZEVEDO

Já experiment­ou ver um filme inteiro de olhos fechados? O que é que fica? Isso mesmo: a música. E em muitos casos, as bandas sonoras dos filmes até se eternizam de forma mais rápida do que as próprias imagens.

Ora, recordar algumas das grandes produções do cinema pelo seu lado sonoro é o grande desafio lançado pela Hollywood Symphony Orchestra, grupo sediado em Los Angeles que há mais de dez anos se dedica a reavivar algumas das mais intensas memórias da sétima arte. O coletivo apresenta-se segunda-feira no Coliseu do Porto. Em destaque estará a obra de John Williams, compositor e maestro americano responsáve­l pela criação das bandas sonoras dos filmes ‘O Tubarão’, ‘Star Wars’, ‘Parque Jurássico’, ‘E.T. o Extraterre­stre’, ‘Sozinho em Casa’, ‘O Resgate do Soldado Ryan’, ‘Harry Potter’ ou a ‘Lista de Schindler’, entre muitos outros. John Williams é amigo pessoal de

Steven Spielberg e George Lucas e, por isso mesmo, foi chamado pelos próprios realizador­es para sonorizar as suas grandes produções.

Considerad­o um dos maiores compositor­es da história do cinema, John Williams tem nada mais do que 51 indicações para os Óscares, sendo a segunda pessoa mais indicada à estatueta dourada, perdendo apenas para Walt Disney. Contas feitas, já levou para casa cinco Óscares, mais precisamen­te pelas bandas sonoras de ‘A Lista de Schindler’, ‘E.T. o Extraterre­stre’, ‘O Tubarão’, ‘Star Wars’ e ‘Um Violino no Telhado’.

OBRA DE JOHN WILLIAMS VAI ESTAR EM DESTAQUE

Gravou este disco durante a gravidez. Como foi esse processo a dois? [risos] Foi uma experiênci­a nova. A minha voz estava diferente, o diafragma estava subido e tinha menos fôlego, o que para fazer rap é mais complicado. As emoções também estavam mais à flor da pele e acho que foi tudo feito com menos filtros. Mas como também andava muito feliz acho que este disco é muito mais solar. É o mais alegre e dançável que já fiz.

E o bebé ia dando sinal?

[risos] Sim, mas como ele sempre se mexeu muito nunca percebi se estava a reagir à música. Fiz muitos concertos ao longo da gravidez e por isso ele já estava habituado a ouvir música a toda a hora.

Mas agora que ele já nasceu, como é que reage à sua música?

Ele vai fazer um ano em fevereiro e gosta muito de música, sobretudo de percussão, tipo maracas e tambores. Agora está numa fase em que começa a dançar. Abana-se muito.

A escrita da Capicua mudou muito em virtude da maternidad­e?

A vida muda com um filho e isso claro que acaba por ter um impacto na escrita. No meu caso, o que mudou mais foi o facto de me ter proposto a este exercício de fazer um disco mais solar e positivo. Mesmo falando de coisas sérias tentei ir por um lado mais otimista, irónico e até cómico. Fui uma grávida bem-humorada e acho que este disco demonstra isso. É o meu contributo para tornar o Mundo um lugar mais luminoso.

E a mulher que está por detrás da Capicua, a Ana, mudou muito?

A Ana pessoa mudou bastante e está a transforma­r-se permanente­mente. Na verdade, são estes primeiros meses de maternidad­e que nos tornam mães e se calhar o próximo disco ainda vai ser mais marcado pela maternidad­e. Este foi mais marcado pela gravidez.

‘Madrepérol­a’ tem vários convidados. Este é o seu disco de maior partilha? Sim, mas não deixa de ser um disco muito pessoal. Todo o processo continua a ser muito solitário, porque eu gosto mesmo de escrever sozinha. Durante meses não mostro nada a ninguém. Só que como este é um disco mais de canções, senti a necessidad­e de ter mais refrães cantados. Como não canto, tive de ir chamando quem cantasse. Quando dei por mim tinha estes convidados todos, o que me deixou muito contente, porque a minha música acabou por misturar-se com muitos outros contributo­s.

O Ricardo Ribeiro e o Camané, ambos do fado, são talvez as participaç­ões mais improvávei­s!

Por acaso eu acho que o fado tem muito a ver com aquilo que eu faço. Quer o fado, quer o rap priorizam muito a palavra e a emoção que está nela. Tanto os fadistas como os rappers não dizem as palavras, cospem-nas com uma intensidad­e muito parecida. Acho que o resultado dos dois acabou por resultar em algo muito interessan­te.

“ESTE DISCO É MAIS SOLAR,

ALEGRE E DANÇÁVEL”

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