Regresso emotivo
KEANE ATUAM ESTE FIM DE SEMANA EM PORTUGAL
Apenas seis meses depois de terem passado pelo festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, os Keane estão de volta a Portugal, desta feita para duas datas em nome próprio, amanhã no Coliseu do Porto e no domingo no Campo Pequeno, em Lisboa.
Este regresso acontece numa altura em que o grupo está a viver uma espécie de segunda vida, depois de ter passado por um longo hiato de cinco anos, período durante o qual o carismático Tom Chaplin teve de lutar contra a dependência das drogas. “Foi muito difícil lidar com a situação dele. As pessoas que sofrem de adições acabam por ser isolar muito, não querem falar do assunto e quem está perto delas acaba por não conseguir ajudar porque também não sabe ao certo o que se passa. Muitas das coisas pelas quais o Tom passou eu só soube há muito pouco tempo”, começa por contar o baixista, Jesse Quin. “A verdade é que ele recuperou e no final até acabou a pedir-nos desculpa”.
Se em 2013, depois de terem corrido o Mundo para comemorar os dez primeiros anos de carreira, os Keane decidiram fazer uma pausa por tempo indefinido, a verdade é que um concerto solidário em 2018 acabou por desbloquear o regresso. “Divertimo-nos bastante e quando terminámos a atuação sentámo-nos então a conversar sobre a hipótese de voltarmos. Na verdade eu nem estava muito virado para isso. Estava feliz em casa e tinha, entretanto, aberto o meu próprio negócio, mas quando escutei as musicas que o Tim e o Tom tinham feito achei que voltar era a coisa certa a fazer”.
As novas canções, aquelas que agora fazem parte do novo álbum, ‘Cause and Effect’, não versam apenas sobre a adição de Tom, mas também sobre a depressão e o divórcio de Tim Rice-Oxley, o grande compositor do grupo. “No processo de composição, os autores recorrem sempre aos seus sentimentos e às suas experiências pessoais. São quase sempre pessoas muito reservadas que depois se abrem
“ESTE REGRESSO
FOI MUITO EMOCIONANTE, PORQUE TODOS NÓS SOMOS
MUITO AMIGOS”
quando chega a hora de escreverem canções”, explica o músico que, cinco anos depois, voltou a encontrar o mesmo grupo de amigos, tal qual como os tinha deixado. “Foi um regresso muito emocionante para nós, porque de facto somos muito amigos e sempre trabalhámos muito bem em conjunto”, diz. “Hoje é bom ver que apesar do tempo que passou nada mudou. Compreendemo-nos muito como músicos e seres humanos. Parece que está destinado estarmos juntos. É engraçado porque neste momento eu tenho a minha família, tenho os meus filhos e sinto que estou a viver duas vidas”.
O regresso agora a Portugal faz também parte do processo de identificação com boas memórias do passado, ou não tivesse o grupo já sido bastante feliz no nosso país. “As nossas experiências em Portugal sempre foram fantásticas. Em julho do ano passado tocámos no Porto e o público foi uma vez mais muito efusivo. Quando estamos em palco e sentimos que do outro lado está alguém a divertir-se connosco não podemos pedir mais nada. Isso é muito gratificante para nós e em Portugal é sempre assim”, diz o músico, que promete um concerto de cerca de duas horas com todos os sucessos da banda.
As primeiras partes dos concertos são asseguradas pela cantautora britânica Eliza Shaddad.