Correio da Manha - Boa Onda

Sátira torna Hitler amigo imaginário `J'ACCUSE - O OFICIAL E O ESPIÃO'

NOMEADO PARA SEIS ÓSCARES, INCLUINDO MELHOR FILME E ARGUMENTO ADAPTADO, `JOJO RABBIT' CONTA COMO UM JOVEM RAPAZ, ADMIRADOR DO REGIME NAZI, TEM DE LIDAR COM A APROXIMAÇíO DE UMA REFUGIADA JUDIA. A OBRA TENTA EQUILIBRAR DRAMA DE GUERRA COM COMÉDIA AUDAZ

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Orealizado­r Taika Waititi diz que o filme é dedicado à mãe e a todos os pais solteiros. Percebe-se porquê: ‘Jojo Rabbit’, já em exibição, é um terno melodrama cómico, que expõe as contradiçõ­es da Segunda Guerra Mundial, a partir de uma sátira ao nazismo. Pegar neste tema muito delicado, transfigur­ando-o a partir do riso, pode parecer arriscado e de mau gosto. No entanto, o facto de tudo se fazer a partir do olhar de uma criança confere a este trabalho um toque de génio, que lembra o estilo peculiar de Wes Anderson e a emoção de ‘A Vida é Bela’ (1997), de Roberto Benigni.

Jojo (o vivaço Roman Griffin Davis, nomeado para o Globo de Melhor Ator de Comédia/Musical) é uma criança alemã obcecada com o regime nazi. O menor tem um confidente imaginário, nada mais nada menos do que o próprio Adolf Hitler, enquanto despreza os judeus e tudo o que comprometa a hegemonia da Alemanha.

A mãe (Scarlett Johansson, indicada para a estatueta dourada de Atriz Secundária) faz de tudo pela felicidade do filho, mas dá guarida a uma jovem judia, que vai baralhar as convicções do protagonis­ta.

Indicado para seis Óscares, incluindo o de Melhor Filme e Argumento Adaptado, ‘Jojo Rabbit’ é uma lição de vida, que triunfa pela dinâmica da narrativa audaz e pelo olhar ingénuo perante a crueza da guerra. Tem ainda o mérito de, apesar de tudo, levar o espectador a esboçar um sorriso.

O cineasta Roman Polanski está de regresso com um elogiado filme histórico, que venceu o Grande Prémio do Júri no último Festival de Veneza. Em 1894, o capitão francês Alfred Dreyfus é condenado a prisão perpétua por espionagem, apesar de ser inocente. Uma escalada de segredos e ameaças vai ganhar forma.

De Roman Polanski.

Com Jean Dujardin. França e Itália/2019, 132 min.

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