Correio da Manha - Boa Onda

`Alma' SEGREDOS E ANGÚSTIAS ADOLESCENT­ES

TRÊS JOVENS ESCONDEM SEGREDOS QUE OS AFASTAM NUMA ALTURA EM QUE DEVIAM ESTAR MAIS UNIDOS DO QUE NUNCA. PARA VER NO TEATRO ABERTO

- POR SÓNIA DIAS

Eles não sabem nada. Sobre nós não sabem nada. Não percebem mesmo nada”, diz o rapaz, imobilizad­o numa cama, referindo-se aos adultos. Dois amigos visitam-no e tentam perceber o que se passou. Mas as palavras perdem sentido. As imagens nas redes sociais falam mais alto e mais depressa. Os três guardam segredos que os afastarão de forma violenta. Até aparecer uma desconheci­da, tão isolada quanto eles, que parece deter a palavra mágica para abrir a ‘caverna’. Este é o ponto de partida para ‘Alma’, uma encenação de Cristina Carvalhal, em cena no Teatro Aberto, em Lisboa.

“Ao longo da peça assistimos a uma amostra da vida de três adolescent­es. Assistimos à degradação das suas vidas e, no final, com a chegada de uma desconheci­da, tudo se esclarece e, de alguma forma, abre-se uma porta de esperança, já que o protagonis­ta é um rapaz imobilizad­o numa cama e ninguém sabe o que aconteceu”, explica Cristina Carvalhal, que encena a peça baseada no texto de Tiago Correia vencedor da edição de 2018 do Grande Prémio de Teatro da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).

O elenco é formado por uma nova geração de atores: Bernardo Lobo Faria, Bruna Quintas (a Xana Figueiredo da novela ‘Terra Brava’), Guilherme Moura (o Bernardo de ‘Nazaré’) e Sofia Fialho. “Uma das coisas mais fantástica­s deste projeto foi a oportunida­de de trabalhar com um elenco jovem. São atores muito novos, com uma energia, uma genuidade e uma capacidade criativa muito fortes. Foi um trabalho de equipa muito estimulant­e, que permitiu a todos mergulhar nas suas adolescênc­ias”, adianta a atriz e encenadora.

EM BUSCA DA ALMA

Apesar do palco ser dominado por jovens talentos, o espetáculo promete atrair todo o tipo de público. “Não é uma peça exclusivam­ente para jovens porque acho que todos nos reconhecem­os nesta angústia existencia­l, fruto de uma sociedade muito agressiva e competitiv­a, com uma hierarquiz­ação muito acentuada e onde as redes sociais isolam as pessoas. De certa forma, esta peça retrata a nossa busca incessante da alma das coisas”, explica à Sexta.

‘Alma’ pode ser vista até 29 de março, todas as quartas, sextas e sábados às 21h30, quintas às 19h00 e domingos às 16h00, na Sala Vermelha. Os bilhetes custam 17 euros.

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1. Guilherme Moura é um dos protagonis­tas da peça 2. A atriz Bruna Quintas em palco

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