Correio da Manha - Boa Onda

ATOR FALA DA MUDANÇA DRÁSTICA DE VIDA

António Pedro Cerdeira

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A POUCOS MESES DE FAZER 50 ANOS, O ATOR FALA SOBRE A MUDANÇA

DE VIDA QUE DECIDIU FAZER NOS ÚLTIMOS TEMPOS E DE COMO TEM ENFRENTADO A MORTE DA MÃE. ALÉM DISSO, TRABALHO NÃO LHE FALTA: REFORÇOU O ELENCO DE `NAZARÉ' (SIC) E GRAVA UMA SÉRIE PARA A RTP 1

Desde o ano passado que não pára. Primeiro fez ‘Alguém Perdeu’, da CMTV, depois ‘Nazaré’, da SIC, e agora está a gravar ‘O Atentado’, para a RTP 1...

Antes, tive uma participaç­ão no ‘Conta-me Como Foi’, um projeto do qual eu era espectador assíduo e que foi engraçado ver-me lá como ator. E agora surgiu esta oportunida­de de trabalhar um texto do Francisco Moita Flores, com quem estive há muitos anos e de quem gosto muito. Além de que é um trabalho do Jorge Paixão da Costa, pessoa que me chama para todos os projetos que faz, nem que seja para uma participaç­ão mínima... No ano passado faltei à ‘Espia’ [série da RTP 1 protagoniz­ada por Daniela Ruah, que ainda não estreou] porque estava a fazer a ‘Nazaré’. Sim, de facto, não tenho parado. O que pode falar de ‘O Atentado’, sobre a tentativa de atentado a Salazar? Pouco, apenas que é um desafio muito interessan­te, em que faço um papel de importânci­a numa série que retrata Portugal nos anos 30. Daí andar de bigode...

Já tinha tido bigode?

Não, e ainda me custa um bocadinho usá-lo. Não estou habituado... Mas acho importante mudar fisicament­e. Acho que dá outra dimensão à personagem. Há atores que são continuame­nte eles próprios há anos, o que me faz alguma confusão. E eu, como sou fã da representa­ção, acho importante mudar, porque a parte física ajuda-te a agarrar o papel.

Os espectador­es estão a descobrir o Nuno, a sua personagem em ‘Nazaré’. Sim, é um senhor um bocadinho psicopata [risos]. Mas ele tem uma razão... Tem um circuito mental que queimou devido a uma situação extrema e que fez com que ele se tornasse uma pessoa que só tem um propósito: vingar-se. Gostei muito de fazer este papel. E está a ser giro de ver. Entretanto, fala-se de duas continuaçõ­es: ‘Bem-vindos a Beirais’ (RTP 1) e

‘Nazaré’. Em qual é que vai entrar?

Só posso dizer que vou trabalhar com a SIC em abril. Depois, lá para julho, logo se verá. Não posso dizer mais nada... Entretanto, as televisões estão num alvoroço de transferên­cias...

Acho ótimo. É bom ver o mercado mexer. É importante que haja mudanças, nomeadamen­te na TVI, porque alguma coisa não estava a correr bem. O que é importante é que haja uma luta saudável. Agora estou na SIC, mas sinto que é bom que a TVI perceba que as coisas mudaram... isso obriga todos a melhorarem. Está à beira de fazer 50 anos.

Não gosto nada. E já não gosto há 10 anos. Os números, às vezes, tornam-se pesados, mas eu não me sinto com esta idade. O que muda é que comecei a pensar nos anos úteis de vida que tenho e que agora são menos... A idade... o que me trouxe foi mais liberdade e independên­cia. E deixei de fazer fretes. Se tiver de mandar alguém à m **** na cara, faço-o. E se não gosto de alguém, também o faço. É o prazer de estar a fazer 50.

Está muito mais magro...

Foi um conjunto de coisas: a morte da minha mãe [julho de 2019] e um esforço da minha parte para emagrecer, porque me sentia mal com a minha imagem.

Ainda está de luto?

É um processo... Há coisas que mentalment­e ainda não arrumei e sobre as quais penso com frequência. Quase todos os dias pego no telemóvel para lhe ligar.

“GOSTEI MUITO DE FAZER `NAZARÉ'. E ESTÁ A SER GIRO DE VER. O NUNO É UM SENHOR UM BOCADINHO PSICOPATA”

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