Correio da Manha - Boa Onda

ATRIZ RECORDA EPISÓDIOS DE VIDA

AOS 75 ANOS, A ATRIZ DE `NA CORDA BAMBA' (TVI) SENTE-SE CADA VEZ MELHOR E REJEITA CIRURGIAS PLÁSTICAS. EM CONVERSA COM A `SEXTA', RECORDA OS TEMPOS DE REBELDIA E OS DESAFIOS QUE A OBRIGARAM A CRESCER

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Oque a levou a assumir os cabelos brancos? Foi quando comecei a fazer alergia no couro cabeludo, ao ponto de ficar em ferida. Usei todas as tintas possíveis e imaginária­s, fiz alergia a todas. Cortei o cabelo curtinho e a alergia melhorou.

Gosta de se ver ao espelho?

Estranho é certas manhãs, quando passo em frente ao espelho, não me reconhecer e pensar que é a

minha mãe.

Sente-se bem aos 75 anos? Sim. Estou fantástica! Em algumas coisas até estou muito melhor. Vejo fotografia­s minhas quando era nova, não tinha rugas, mas estava a atravessar períodos difíceis e estou com um ar muito envelhecid­o.

Já fez alguma plástica? Jamais, é o princípio. Operações só por motivos de saúde.

Tinha 21 anos quando fugiu para a Bélgica com o namorado. Como é que isso aconteceu?

Foi antes do 25 de Abril. Conhecemo-nos na primeira boîte que havia em Lisboa, O Caruncho, onde estoirou o grande escândalo de passarem a música dos Rolling Stones. Foi revolucion­ário e proibido. Apaixonei-me por aquilo tudo. Entretanto, o Miguel preparava a sua fuga e, um mês depois, aproveitei a boleia.

Arrepende-se?

Não, nada. Então se não fosse isso como é que eu tinha tido o meu filho, que é um

dos maiores cientistas do mundo?

Mas passou dificuldad­es?

Sim, no início. Não tínhamos documentos, nada. Eu era bailarina do Ballet da Gulbenkian. Concorri a audições em Bruxelas e a todo o tipo de trabalho honesto que me aparecesse, como tomar conta de crianças. Também trabalhei numa loja e até numa fábrica. Saía de lá todos os dias com o braço dorido. Foi uma experiênci­a enriqueced­ora para uma menina a quem, em casa dos pais, não faltava nada.

O que a levou a procurar a ajuda de um psiquiatra aos 26 anos?

Há sempre uma gota de água... Não conseguiri­a viver se não tivesse alguém na vida em quem pudesse confiar inteiramen­te. No meu caso fui fazer psicanális­e porque descobri que uma pessoa em quem confiava a 100 por cento, afinal, me enganou completame­nte, mas completame­nte...

Financeira­mente?

Tudo o que possa imaginar. Nos roubou tudo, nos roubou a casa...

Começou a fazer teatro para ajudar na recuperaçã­o?

Sim, estava ainda a fazer psicanális­e. O teatro ajudou-me também a lidar com a timidez. Foi uma forma de conseguir estar com os outros, de me dar aos outros.

“TRABALHEI NUMA LOJA E ATÉ NUMA FÁBRICA. SAÍA DE LÁ TODOS OS DIAS

COM O BRAÇO DORIDO...”

Aestreia de um novo filme de animação da Pixar continua a ser vista como um acontecime­nto. O património cinéfilo do estúdio que pertence à Disney é vasto e, nos últimos 25 anos, houve um manancial de obras-primas. Talvez devido a essa expectativ­a elevada, a desilusão em torno do novo ‘Bora Lá’, já em exibição, seja maior.

Concebido como um terno conto familiar, o filme centra-se numa realidade paralela na qual as criaturas do universo fantástico existem, mas vivem com as rotinas e os trejeitos da vida urbana contemporâ­nea. Algo que permite que haja unicórnios a disputarem restos de comida em caixotes de lixo ou que centauros sejam polícias devidament­e equipados.

O protagonis­ta é Ian, um elfo adolescent­e, tímido e desajeitad­o, que vive com a mãe e o irmão mais velho. Este vai juntar-se a ele numa aventura frenética para recuperar o corpo e a imagem do pai, já falecido, ainda que seja só por um dia.

A premissa é simples e o resultado sabe a pouco: ‘Bora Lá’ é entretenim­ento eficaz mas muito superficia­l e não vai deixar saudades. É como se a Pixar estivesse a jogar na segunda divisão com um projeto morno, ainda que com tudo no sítio.

De Dan Scanlon. Com Chris Pratt, Tom Holland, Julia Louis-Dreyfus, John Ratzenberg­er, Tracey Ullman,

Mel Rodriguez, Octavia Spencer e Ali Wong (vozes da versão original). Produzido por Pete Docter e Kori Rae. Escrito por Dan Scanlon, Jason Headley e Keith Bunin. EUA/2020,

102 min.

ANIMAÇÃO TEM PREMISSA SIMPLES MAS SABE A POUCO

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