Numa rede social perto de si

Remetido à quarentena, um DJ da cidade de Palermo, em Itália, decidiu no início da tarde de sábado ir para a varanda do seu prédio dar música aos vizinhos até às tantas. O vídeo tornou-se viral e a ele seguiram-se outros: gente a tocar guitarra ou bateria, a dançar e até a cantar ópera à janela, fosse no rés do chão ou no décimo primeiro andar de um prédio. Por cá e depois de uma avalanche de cancelamentos e adiamentos de concertos, foram vários os artistas que fintaram o isolamento, ainda que de forma virtual. Salvador Sobral e André Santos, por exemplo, ofereceram um concerto caseiro através da rede social Facebook; Pierre Aderne levou o seu projeto 'Rua das Pretas' às redes sociais; João Gil ofereceu à comunidade virtual aquilo a que chamou 'Concerto Casa a Casa' e Miguel Araújo presenteou os fãs com uma versão do 'De Volta Para o Meu Aconchego' (nada mais apropriado). Mas a grande notícia chegou no início da semana com o anúncio do Festival Eu Fico Em Casa, iniciativa que arrancou terça-feira e que decorre até domingo com quase uma centena de artistas a comprometerem-se a atuarem ‘pro bono’ através de uma página de Instagram, entre eles Ana Moura, António Zambujo, David Fonseca, Ricardo Ribeiro, Fausto ou Luísa Sobral. Mas esta coisa dos concertos online vai deixar novas indicações para o futuro. Numa altura crítica para todo o setor, com quebras de 100% na faturação de grande parte dos intervenientes, pode ter-se encontrado aqui um novo paradigma de negócio, menos envolvente e sedutor, é certo, mas mais cómodo, democrático e, porventura uma fonte lucrativa a ter em conta.

PODE TER-SE ENCONTRADO UM NOVO PARADIGMA DE NEGÓCIO