A degradação no topo do Estado
LAMENTO DIZÊ-LO, MAS MARCELO PARECIA O MALUQUINHO DA ALDEIA
Mensagem de Marcelo no domingo: num PC em casa, sem conteúdo, banal, com som e imagem péssimos, sem a dignidade de encenação do poder político desde há milénios: eis a degradação máxima dos dirigentes políticos na situação de emergência.
Só me recordo duma situação semelhante: Erdogan falando via FaceTime quando, estando no Sul da Turquia, houve em 2016 uma tentativa de golpe em Ancara e Istambul. Sem outros meios de comunicar, justificava-se. Não era o caso de Marcelo.
Marcelo só quis falar por ter deixado todo o processo ao governo e ter criado inesperado vazio no topo do Estado. Por isso falou para nada dizer, excepto o que poderia escrever em comunicado: reunião do Conselho de Estado para daí a três dias.
O governo continuou a arrastar-se atrás da evidência e das previsões epidemiológicas de contaminação. Mudou do registo de propaganda para o sério, mas com incompetência comunicacional e transmitindo medo de agir, impróprio de decisores.
A TV fechou programas com público em estúdio. Poderia ter regressado ao modelo original da TV (anos 50), quando se descobriu a maravilha de levar espectáculos a casa sem que tivéssemos de ir aos locais.Já não vive sem público em estúdio.
O modelo actual do tele-entretém implica não só o público na rua ou em estúdio mas imensos participantes e equipas. Daí o fecho de muitos programas. Só “Isto É Gozar com Quem Trabalha” (SIC) mostrou ser possível fazer boa TV com pouca gente.