Albano Jerónimo: das novelas ao sucesso mundial
DEPOIS DE SER PROTAGONISTA DO FILME `A HERDADE', O MAIS RECENTE CANDIDATO PORTUGUÊS AOS ÓSCARES, O ATOR PREPARA AGORA UM NOVO DESAFIO, TAMBÉM NO PLANO INTERNACIONAL. VAI INTEGRAR O ELENCO DA SÉRIE INGLESA `THE ONE', COM UM PAPEL DE GRANDE DESTAQUE
Aos 40 anos, Albano Jerónimo é, cada vez mais, um ator do Mundo. A interpretação de um magnata latifundiário no filme ‘A Herdade’, de Tiago Guedes, deixou-o no centro das atenções. Atualmente trabalha numa “grande produção” - a série ‘The One’, da Netflix inglesa. Um projeto que diz ser muito entusiasmante. “É uma série inacreditável, é uma produção para a Netflix inglesa. É baseada a partir de um conto de ficção cientifica como o mesmo título. É um grupo de cientistas que trabalha para o Governo que descobre algo incrível. Sou o ‘perfect match’ [combinação perfeita] com a protagonista. É um processo de apropriação da língua, colegas e mercado”, afirmou o ator numa entrevista. Com um papel de grande destaque, o galã português acredita que esta conquista é uma catarse do seu vasto percurso em televisão, teatro e cinema: “É muito assente nos meus 20 anos de trabalho. Consciente daquilo que eu não alcanço e da minha imperfeição. As minhas limitações são a mais-valia neste trabalho. Foi escolhido por isso, de não corresponder ao padrão.”
CRÍTICAS AO CINEMA AMERICANO
Embora assuma que um dos seus maiores desejos é ser galardoado com um Óscar, Albano Jerónimo é muito crítico em relação ao atual panorama do cinema norte-americano. “Está morto. Vive, sobretudo, de super-heróis. O cinema que fala de pessoas está na Netflix ou HBO. O futuro está nas pessoas e naquilo com que elas se identificam. Coisas simples, as relações. O cinema tem de falar do que não se fala, do que é surdo”, aponta o ator, que em 2017 participou na série ‘Vikings’, do História.
O sucesso do filme ‘A Herdade’ que teve estreias nos Festivais de Cinema de Veneza, em Itália, e Toronto, no Canadá, deixou o ator rendido à paixão pela sétima arte. “Surpreendeu-me [a forma como o filme teve tamanho impacto mundial] e surpreende sempre aquilo em que nos envolvemos e chega a tantas pessoas. Houve um episódio lindo na estreia em Veneza, que tivemos uma sessão de aplausos de quatro minutos. Foi incrível, lá não há o pudor da língua. Simplesmente absorvem o que estão a ver. Não é um filme fácil. É um filme que foca a cultura portuguesa, fala de pessoas e das relações e também das suas restruturação.” A mesma produção esteve ainda incluída na lista de longas-metragens apontadas ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro. No entanto, acabou por não chegar à lista final de nomeados.
A INFÂNCIA DIFÍCIL
Considerado um dos atores mais talentosos da sua geração, Albano Jerónimo assume que o seu instrumento de trabalho são as emoções. Muitas marcas pelos episódios difíceis vividos durante a infância. “O medo vem de ter sido criado em condições menos favoráveis ou não ter uma educação mais rica. A minha família vem do meio mais pobre. Tomávamos banho uma vez por semana porque tínhamos de poupar água. Toda essa gestão fez de mim aquilo que sou hoje.” Outro dos episódios marcantes foi a morte do progenitor, ainda em tenra idade.“Houve uma restruturação familiar em casa. Foi repentina, ele já tinha um problema de saúde que se foi adensando nas últimas semanas. Tinha dez anos, foi avassalador para a família. O espírito da minha mãe foi o que nos aguentou”, acrescenta o artista.
Discreto em relação à vida privada, o ator, que integrou recentemente a novela ‘Nazaré’ da SIC, estação da qual já foi exclusivo, casou-se em agosto com Ana Francisca Van Zeller, com quem namorou dois anos. Os dois tem-se revelado felizes através das redes sociais, mas são parcos em declarações de amor em público. Albano é pai de Francisca, de oito anos, fruto da relação com a também atriz Cláudia Chéu.
“ESTA [CONQUISTA] É MUITO ASSENTE NOS MEUS 20 ANOS DE TRABALHO. FUI ESCOLHIDO PELAS MINHAS LIMITAÇÕES”