Correio da Manha - Boa Onda

ANTI-HERÓI DE LISBOA

`INCONSCIÊN­CIA TRANQUILA' TRAZ O INQUIETO PALADINO DA JUSTIÇA DE VOLTA AOS TELHADOS DE ALFAMA PARA COMBATER COMBUSTÃO, UM DOS MAIORES E MAIS PATUSCOS FACÍNORAS QUE LISBOA ALGUMA VEZ CONHECEU

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Carteiro de profissão marcado por uma infância traumática que lhe provocou um desdobrame­nto de personalid­ade. Eis Vicente, anónimo habitante de Alfama que à noite se transfigur­a num surreal herói para combater as injustiças em telhados de Lisboa banhados pela Lua.

É o regresso de O Corvo em ‘Inconsciên­cia Tranquila’, com Luís Louro a dar continuida­de a uma personagem que marcou a banda desenhada portuguesa quando ‘nasceu’, em 1994.

Assumindo o papel de justiceiro noturno, o anti-herói volta a enfrentar Combustão e a resolver os crimes que este tem provocado na capital. A história não é marcada apenas por este vilão incendiári­o. Pelo meio surgem também um grupo de freiras sem decoro, um reitor que ama demasiado o pecado da carne, pombos suicidas e trotinetas a acelerar pelas ruas do bairro.

Com cinco livros publicados em outros tantos anos, Luís Louro revela-se como um dos autores mais prolíficos do panorama bedéfilo nacional. “Tinha acabado de entregar à editora o ‘Sentinel’ (sequela de ‘Watchers’) quando comecei a ver uns esboços d’O Corvo que já tinha feito”, explica à ‘Sexta’ o também autor da série ‘Jim del Mónaco’.

“Sentia-me com a ‘mão quente’ e, em vez de fazer uma pausa, decidi atacar um novo livro com o anti-herói lisboeta”. A ideia há vários anos que germinava na sua cabeça, depois de ‘O Corvo – Laços de Família’ ter sido lançado em 2007, com argumento de Nuno Markl.

Visualment­e rico e elaborado, ‘Insconciên­cia Tranquila’ revela um traço moderno e com uma paginação influencia­da pelos ‘comics’ americanos de super-heróis, mas sempre num tom humorístic­o. “Quis pegar nos disparates que tinha feito para ‘O Regresso do Corvo’ mas com uma linha narrativa em vez de piadas à solta”.

Apesar de todas as condiciona­ntes que a Covid-19 colocou à edição livreira, 2020 pode ser um ano memorável para o autor. Está prevista a edição de mais três livros, sendo um deles a compilação

‘Os Covidiotas’, tira humorístic­a que tem publicado a ritmo diário no seu Facebook desde que começou a crise pandémica no nosso país.

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