Caras (Portugal)

HELENA CALDEIRA: “NÃO QUERO QUE NOS TIREM A LIBERDADE”

A atriz, de 28 anos, reconhece o privilégio de já ter nascido em liberdade, mas teme um retrocesso.

- TEXTO: CRISTIANA RODRIGUES FOTOS: JOÃO LIMA

Em Revolução (Sem) Sangue, do realizador Rui Pedro Sousa, que conta uma história baseada em factos reais e na vida das cinco pessoas que morreram na Revolução dos Cravos – quatro jovens manifestan­tes pela liberdade e um funcionári­o da PIDE –, Helena Caldeira é Rita, uma jovem irreverent­e que vivia muito à frente do seu tempo e frequentav­a espaços dominados por homens. No filme é namorada de Fernando Giesteira (papel que coube a Lucas Dutra), um jovem de 17 anos com um grande sentido de responsabi­lidade, morto a tiro nos acontecime­ntos do 25 de Abril de 1974. “Falou-se muito que esta revolução tinha sido pacífica, que não tinha havido sangue, mas isso foi um véu de romantismo que se criou, porque morreram cinco pessoas. E a partir do momento em que morre uma pessoa já é violento”, frisou à CARAS a atriz, na antestreia da obra. Para ela, fazer parte deste projeto de homenagem às vítimas, para que não sejam esquecidas, foi não só uma regalia como um motivo de orgulho.

Helena Caldeira, de 28 anos, sabe o privilégio que tem por ter nascido em liberdade, mas não deixa de temer um retrocesso: “Está muito na agenda política, por exemplo, a questão da família tradiciona­l, um conceito que para mim já só estava nos livros e que agora volta a ser abordado quando já nem devia ser um assunto. Eu quero poder decidir onde estou, se é em casa, se no meu trabalho, se neste país ou noutro qualquer. E quero que um dia, se tiver filhos, eles tenham esse poder de decisão. Não quero que nos tirem a liberdade.”

E se é verdade que as mulheres já desbravara­m um longo

caminho, a atriz sublinha que ainda falta outro tanto para que tenham as mesmas oportunida­des. E se pudesse alterar algumas coisas, não tem dúvidas de que “mudava o estado da habitação, o acesso à cultura, para que pudesse chegar a toda a gente, os programas educativos... Gostava que toda a gente soubesse que somos livres, que podemos ir a todo o lado, fazermos o que quisermos”.

 ?? ??
 ?? ??
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal