Correio da Manha - CM Sport

Vieira entregue às mãos de Jesus

O PROJETO DO PRESIDENTE É ACIMA DE TUDO O PLANO DO TREINADOR

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Asaída de Rúben Dias para o Manchester City representa o fecho de um ciclo no Benfica. Termina um período, e não lhe podemos chamar uma era porque também não foi assim tão longo, em que o modelo de construção do plantel da equipa de futebol estava assente no primado da formação e na aposta em jovens talentos oriundos do Seixal. Nas suas diversas alocuções à nação encarnada, feitas nos últimos tempos,

Luís Filipe Vieira não tinha dúvidas sobre qual o caminho a trilhar. Os reforços para a formação principal estavam dentro de casa, eram forjados nos escalões jovens e seriam eles a criar a grande mancha das equipas do Benfica do futuro. Pontuais contrataçõ­es (usando aqui a terminolog­ia da doutrina) só iriam acontecer quando fosse detetada uma falha, uma pequena lacuna que a linha de produção interna fosse incapaz de resolver. Este era o paradigma. Até o treinador (Bruno Lage, técnico com trabalho feito na formação) era uma extensão do projeto.

Num estalar de dedos, tudo mudou. Para contratar Jorge Jesus, Luís Filipe Vieira, além de lhe pagar o ordenado, teve de lhe aceitar as regras, no convencime­nto da troca do Rio de Janeiro pelo rio Tejo. O primado da formação voltou ao congelador. Na antecâmara de um processo eleitoral, não deixa de ser curioso o facto de o projeto para o futebol do presidente que busca a reeleição, ser, acima de tudo, o plano do treinador que impõe (ou deveremos dizer repõe)

a sua própria estratégia. Vieira entregou-se às mãos de Jesus. Agora é esperar que a bola entre.n

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