Correio da Manha - CM Sport

Sem mosca na cabeça

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A3 de novembro os cidadãos estado-unidenses vão eleger (ou reeleger) o seu próximo presidente e na madrugada de quinta-feira teve lugar o debate entre os candidatos à vice-presidênci­a. Pelo lado dos republican­os, o atual vice-presidente Mike Pence confrontou-se com a candidata dos democratas, a senadora Kamala Harris. O vencedor foi uma mosca que pousou sobre a cabeleira branca de Pence roubando todas as atenções e transforma­ndo-se, por isso mesmo, na sensação da noite. Durante semanas, meses, os responsáve­is pelas campanhas em concorrênc­ia nos EUA, profission­ais altamente qualificad­os nos domínios da comunicaçã­o e da propaganda, esmifraram-se a engendrar os discursos, os ataques, os estilos e as frases-fortes dos dois

QUEM PODE

candidatos à vice-presidênci­a dos EUA para se verem batidos, em direto e ao vivo, pela entrada em cena de um pequeno inseto voador. Sem ter sido contratada por nenhuma das partes envolvidas, a mosca na cabeça de Mike Pence será a imagem que perdurará do debate eleitoral pela sua carga simbólica providenci­ada exclusivam­ente pelas graças da Natureza.

Há justamente 20 anos, aconteceu uma coisa parecida no confronto televisivo entre Manuel Vilarinho e Vale Azevedo, em vésperas das eleições para a presidênci­a do Benfica. Há quem defenda que a vitória de Vilarinho se ficou a dever à entrada em cena não de uma mosca mas de Eusébio, que fez uma aparição-surpresa no jantar de encerramen­to da campanha de Manuel Vilarinho. E foi assim que, no Benfica, um “Rei” – como todos chamavam a Eusébio – elegeu um presidente. Mas não terá sido só o apoio de Eusébio que levou ao triunfo de Vilarinho. Em vésperas da eleição, a RTP promoveu um debate entre os dois candidatos, e, quando a conversa começou a aquecer, vendo-se Manuel Vilarinho bloqueado pelo à-vontade com que Vale Azevedo debitava as suas fantasias decidiu, num ímpeto do momento, escrever a palavra MENTIROSO numa folha branca e exibi-la silenciosa­mente sempre que o seu opositor se abalançava no discurso. Foi esta a mosca das eleições do Benfica no virar do século.

Vem tudo isto a propósito do corrente processo eleitoral na Luz com Manuel Vilarinho no centro das atenções, visto que já foi apresentad­o como futuro presidente do Conselho Estratégic­o da Lista de Luís

NÃO É VILARINHO QUEM QUER, É VILARINHO

Filipe Vieira e como presidente da Comissão de Ética e de Boas Práticas da lista de João Noronha Lopes. Vilarinho é um importante ‘ativo’ eleitoral e podemos interrogar­mo-nos se pode ou não pode emprestar o seu nome a duas candidatur­as concorrent­es e a funções concorrent­es. A resposta é sim. Vilarinho pode tudo porque é Vilarinho e não é Vilarinho quem quer, é Vilarinho quem pode. Quanto à mosca propriamen­te dita das eleições do Benfica, enfim, este ano não há. Nem vai haver.n

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