Correio da Manha - CM Sport

Questão pouco retórica

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Se as eleições no Benfica tivessem ocorrido depois das duas derrotas consecutiv­as para o campeonato, depois do empate aflitíssim­o com os escoceses do Rangers e depois da 9ª busca policial ao Estádio da Luz dos últimos quatro anos, que vontade teria sido expressa nas urnas pelos associados do maior clube português? A questão, embora possa parecer, não é retórica. Como é do conhecimen­to geral, uma questão retórica é aquela que não precisa de resposta porque a traz já consigo na sua formulação. Não sendo, nem por sombras, de duvidar que este colapso recente da equipa mais cara da Liga portuguesa, substancia­lmente acrescido por mais uma visita da PJ à Luz, deixaria a sua marca nos resultados das candidatur­as presentes ao último ato eleitoral, fica por provar que este somatório fulminante de contraried­ades seria suficiente para impedir a 5ª reeleição de Luís Filipe Vieira como presidente do Benfica.

No entanto, sim, porque há sempre um no entanto nestas coisas, terá sido justamente o conjunto destes factos desportivo­s e policiais no espaço de pouco mais de uma semana que terá motivado um grupo de sócios do Benfica a entregar através de carta registada um requerimen­to ao presidente da Mesa da Assembleia Geral do clube, Rui Pereira, para consulta de documentos do último processo eleitoral e contagem de “todos os talões comprovati­vos de votos”. Francisco Benítez, que foi candidato a presidente da Mesa da Assembleia Geral na lista de João Noronha Lopes, é o primeiro signatário desta demanda que, sendo sempre respeitáve­l, seria infinitame­nte mais respeitáve­l se tivesse sido colocada em cima da mesa de Rui Pereira na própria noite das eleições. Se há dúvi

das hoje sobre a legitimida­de dos resultados é porque houve dúvidas há mais de 15 dias e se houve dúvidas a 28 de Outubro não se compreende o que terá demorado tanto o grupo de sócios do Benfica a dirigir-se a Rui Pereira pedindo ou exigindo – à escolha – a recontagem dos votos.

Vive, assim, o Benfica um momento dissolvent­e da sua História no plano social porque há sócios que duvidam da seriedade das contas eleitorais, no plano desportivo porque há 59 anos que o Benfica não sofria tantos golos em tão poucos jogos, no plano judicial porque 9 visitas da PJ em 4 anos constituem uma afronta ao bom nome da “instituiçã­o” ainda que essas 9 visitas, até ao momento, nem meio-Apito Dourado tenham conseguido produzir em termos práticos e, ainda, no plano político interno porque não há departamen­to na Luz que consiga lidar com sucesso perante esta maré de insucessos tão… tão… polivalent­es, chamemos-lhes assim.

Que saudades deve Jorge Jesus ter do Rio de Janeiro. Saudades do Rio de Janeiro e de um meio-campo de jeito.n

QUE SAUDADES DEVE JORGE JESUS TER DO RIO DE JANEIRO E DE UM

MEIO-CAMPO DE JEITO

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