MARIANA MACHADO “Sonho ganhar medalha olímpica” FUTURA MÉDICA É CRAQUE
AMBIÇÃO → Com apenas 20 anos, feitos há uma semana, a atleta do Sp. Braga é uma das maiores promessas do atletismo nacional. Sonha ganhar uma medalha olímpica e ainda não desistiu de se qualificar para os Jogos de Tóquio que, se a pandemia deixar, ocorrerão em 2021 MEIO-FUNDO → Corre os 1500 metros, até porque assim apura a velocidade para outras distâncias mais longas, mas o futuro, acredita, passará pelas provas de 3000 metros
Correio Sport - É apresentada como uma das maiores promessas do atletismo nacional. Isso dá-lhe confiança ou pressão? Mariana Machado - Dá-me confiança. Parece que ainda ontem comecei e, em tão pouco tempo, já tenho este destaque todo e já conquistei alguns títulos importantes. Estou muito satisfeita com o meu percurso e o facto de as pessoas acharem que posso ir mais longe dá-me, naturalmente, confiança. É um orgulho ouvir esses comentários e não me pressiona minimamente. Antes pelo contrário, motiva-me. Espero, com maior maturidade competitiva, conseguir marcas melhores e títulos mais importantes.
- Qual foi , na sua ótica, o título mais importante que ganhou?
- A verdade é que as medalhas internacionais são as que potenciam mais destaque e que dão mais protagonismo. Quando fui vice-campeã da Europa, no ano passado, caí, logo no início da corrida, porque tropecei numa adversária, e na verdade arranquei na última posição…tive de me levantar e continuar a lutar pelo meu sonho, que era chegar às medalhas. Não consegui o ouro, mas ganhei uma medalha, apesar das dificuldades. Foi a minha primeira medalha internacional, o que me marcou imenso.
- Qual é a prova de que mais gosta?
- O que tenho feito são os 1500 metros, mas penso que no futuro serão os três mil. Vamos ver. Mas, para já, estou a apostar nos 1500 m, para apurar a velocidade, que pode ser muito importante quando for a altura de subir nas distâncias.
- Chegar à maratona?
- A maratona é uma prova muito exigente. Para já, estou nos 1500 m e penso nos três mil, cinco mil ou até nos dez mil. Quanto à maratona, vamos com calma.
- Chegou a pensar que poderia ir aos Jogos olímpicos do Japão?
- É sempre uma hipótese e fez parte dos meus objetivos para esta época. É muito difícil, tenho apenas cinco anos de modalidade e vinte de idade, mas continuo a tentar. O sonho de todos os atletas é participar nos Jogos Olímpicos e eu não sou diferente. Se não for em Tóquio, será, penso, em Paris 2024. Aí penso que terei a maturidade e a experiência competitiva que garantam a qualificação e, depois, uma boa prestação. - Ganhar uma medalha?
- Claro. Esse é, sem dúvida, o meu grande sonho.
- Para os próximos Jogos Olímpicos, está longe da qualificação? - Tenho de estar nas 45 primeiras do ranking mundial e estou no lugar 49. Ainda falta algum tempo, vamos ver. Mas não será fácil. - É atleta do Sp. de Braga porque nasceu em Braga?
- Sou atleta do Sp. Braga porque nasci em Braga e porque sou do Sp. Braga desde pequenina. É muito bom representarmos o clube e a cidade de que gostamos. - Sente o apoio das pessoas, quando treina na cidade?
- Sinto e é uma das coisas que mais prazer me dá. Eu
“SOU ATLETA DO SP. BRAGA PORQUE NASCI EM BRAGA E SOU DO SP. BRAGA DESDE PEQUENINA”
“A MINHA VIDA É, LITERALMENTE, FEITA SEMPRE A CORRER”
“PARA OS J.O. TENHO DE ESTAR NAS PRIMEIRAS 45 DO RANKING MUNDIAL”
“É MUITO GRANDE O CARINHO QUE AS PESSOAS DEMONSTRAM POR MIM”
treino na cidade e oiço frequentemente “força Mariana”, “bora Mariana” ou “estamos contigo Mariana”. É tão grande o carinho que as pessoas demonstram por mim que só penso em compensá-las com melhores resultados.
- Foi por causa da mãe (Albertina Machado) que optou pelo atletismo?
- Comecei por praticar natação, mas, porque o atletismo fez sempre parte da minha vida, por causa da minha mãe, como é claro, experimentei numa prova escolar e achei demasiado duro. E a minha mãe também dizia que a vida de atleta era muito dura. Só mais tarde é que um professor meu me conseguiu convencer a ir para um campeonato nacional, em que ganhei a minha primeira medalha. E aí passei a contar com o apoio incondicional dos meus pais. Até mais do meu pai, que já tinha acompanhado a minha mãe.
- Se não for aos Jogos será uma deceção?
- Não. O que tenho conquistado tem sido muito bom. Não devemos dar passos maiores do que as pernas.
- Nos 1500 m faz 4.10,61 minutos. Qual é a meta que traçou? - A curto prazo, baixar os 4,10. A pandemia não tem ajudado, porque há menos provas. Vamos ver. A médio prazo, descer para os 4.06minutos.
-A pandemia tem sido um grande obstáculo?
- Sim, muito. Muitas provas nacionais e internacionais foram canceladas ou adiadas e nós treinamos para competir. Só treinar torna-se algo cansativo.
- Em Portugal não são muitos os clubes que apostam no atletismo. Porquê?
- Bem, as chamadas modalidades são sempre de aposta difícil. Mas ainda há quem o faça, como o Benfica, o Sporting e o Sp. Braga. Fico muito feliz por este clube apostar no atletismo, uma modalidade que, afinal, já deu muitas alegrias aos bracarenses. E eu estou extremamente grata ao Sp. Braga por ter apostado em mim.
- Há mais vida para além do atletismo?
- Toda uma vida para além do atletismo. Mas devo dizer-lhe que a minha vida é, literalmente, feita sempre a correr. Estudo, estou no 3º ano de Medicina, na Universidade do Minho e, para além das aulas, dos treinos e das provas, tenho o estudo, as massagens, a fisioterapia, e tudo em lugares diferentes. Uma luta.n