LUÍS ANDRADE “Transmito o espírito do Benfica”
ENCARNADAS NA LIGA DOS CAMPEÕES
DESAFIO → Antigo médio do Benfica, formado no Sporting, lidera o projeto do futebol feminino das águias com sucesso CONFIANÇA → Prepara o jogo dos 16 avos da Liga Europa com o colosso Chelsea, mas promete uma equipa com ambição e muita vontade de jogar
Correio Sport - Tem-se revelado um treinador de sucesso no futebol feminino. A que se deveu essa viragem na carreira? Luís Andrade
- O sucesso vem através do trabalho, do acreditar daquilo que idealizamos para o nosso jogo de equipa. Foi uma viragem grande, porque toda a minha vida foi relacionada com o futebol masculino, mas trouxe coisas muito positivas, como trabalhar como treinador no Benfica, e isso adveio de uma experiencia que fui adquirindo. Foi treinado por grandes técnicos de sucesso e retirei um pouco de cada um para ser hoje um treinador mais evoluído. Mas este sucesso também se deve ao grupo de trabalho e ao meu staff.
- É mais difícil treinar homens ou mulheres?
- Trabalhamos no contexto futebolístico. Não vou diferenciar. São onze contra onze e objetivo é ganhar os jogos para atingir os títulos.
- Foi treinado por Fernando Santos, Graeme Souness, Jupp Heynckes, Jesualdo Ferreira e Camacho, entre outros, quais são as suas referências?
- Aprendi com todos eles. Estar a referenciar um ou outro poderia ser ingrato. Contudo, destaco a transição de júnior para sénior, numa altura que não havia sub
-23 ou ‘bês’. Tive o prazer de trabalhar com o mister Fernando Santos, de quem sou amigo e foi meu padrinho de casamento. Foi ele que me deu a mão nessa altura difícil de transição e com o meu empenho permitiu-me fazer uma carreira no futebol.
- Como vê o crescimento do futebol feminino?
- Está melhor de ano para ano. Há uma aposta dos clubes, melhores condições, mais investimento. Quando assim é, o futebol só vai beneficiar com essas mais-valias. É importante acreditar e investir e é isso que a Federação está a fazer, dando um palco ao futebol feminino. O facto de haver um canal onde passam os jogos vai beneficiar em muito a modalidade e as atletas.
- Na época passada, o Benfica esteve à beira de fazer história no futebol feminino, mas a pandemia arruinou essa pretensão. Esses objetivos passaram para este ano?
- Tivemos quase a fazer história graças ao trabalho desenvolvido, com grande empenho das atletas e staff. Devido à Covid-19 não podemos finalizar o que desejávamos. A Taça da Liga e a Taça de Portugal vão ser disputadas agora e ficámos agradados com a notícia. Agora é trabalhar para concretizar o sonho.
- Só tem uma derrota nesta época ( 3-0, com o Sporting).
Optou por rodar jogadores a pensar na Liga dos Campeões?
- Fizemos um jogo menos conseguido. Foi um resultado excessivo. O Sporting aproveitou os nossos erros, mas mudámos o ‘chip’ e houve uma boa resposta na Liga dos Campeões. Todas as jogadoras do Benfica são importantes. Por isso é que estão cá. É um orgulho ver estas atletas a evoluírem. Querem ser melhores hoje do que eram ontem.
- Vai jogar quarta-feira com o Chelsea, um dos colossos do futebol feminino. Quais vão ser as armas do Benfica?
-Muito respeito por uma equipa que está no 7º lugar do ranking. Investiu muito este ano para ganhar a Liga inglesa e a Champions. Fizeram a primeira transferência monetária de uma jogadora (contrataram Harder ao Wolfsburgo e pagaram 350 mil euros). Temos a nossa ambição e não vamos jogar como derrotados. O jogo resolve-se nas quatro linhas. São onze para onze e trabalhamos para tentar ‘enganar’ quem nos quer ganhar.
- Até onde pensa que pode chegar o Benfica?
- No Benfica pensamos jogo a jogo. Não podemos ter falhas com o Chelsea. Um erro e elas não vão desperdiçar. Têm dez nacionalidades no plantel. Nós somos os benjamins da Champions, temos dois jogos.