OCTÁVIO MACHADO

Antecipa um Sporting motivado pelo título iminente, sem que o rival facilite MEMÓRIA “Não posso esquecer os 15 anos no FC Porto” “FC PORTO QUER DEFENDER A HONRA”

• Mais Sport - Como perspetiva o clássico de amanhã? Octávio Machado - O Sporting pretende materializar o título o mais depressa possível. Já o FC Porto apresenta uma época irregular, mas naturalmente quer defender a honra. Vai ser um bom espetáculo e uma propaganda para o futebol.

- Duas equipas com realidades diferentes?

- O Sporting completamente com a vida estabilizada. O FC Porto a viver o dia a seguir às eleições. Vamos ver qual a influência que isso vai ter.

- O Sporting, desde o 25 de Abril de 1974, só venceu quatro vezes no Estádio de Dragão. É uma malapata?

- Não. Se calhar, o FC Porto também não ganhou muitas, com certeza. Reflete aquilo que foram os dois clubes nos últimos anos. É sempre difícil ganhar na casa dos grandes. Sempre difícil.

- No primeiro triunfo nesse período, em 1975, o Octávio Machado era jogador do FC

Porto. Recorda esse jogo?

- Houve a situação do golo validado que não terá entrado na baliza. O nevoeiro terá sido a causa principal. Se olharmos para hoje, e verificarmos que mesmo com o VAR temos situações muito complicadas no futebol, só podemos dizer que a verdade desportiva não foi traída.

- Depois, como treinador do Sporting, em 1996/97 foi vencer ao Estádio das Antas. - O FC Porto foi campeão nessa época. Ainda assim, ganhámos com toda a justiça, sem deixar dúvidas a ninguém, com uma exibição de muita qualidade. Ganhámos por 2-1 num jogo em que estivemos sempre melhor, com maior capacidade.

- Atualmente, nestes jogos, sente-se dividido?

- Não. Não posso esquecer os 15 anos que vivi no FC Porto. Pertenci a uma geração que quebrou o jejum de 19 anos. Sei o que foi preciso, o que foi exigido entre todos nós, em ambiente sempre escaldante, ambientes adversos. Nesse período, saímos de diversos estádios apedrejados, autocarro partido, inclusive com um sequestro, no Estádio do Bonfim. Foram situações que exigiram muita coragem, determinação e qualidade. É essa geração a que pertenço.

- Foi um período importante na sua vida?

- Não vou esquecer esses 15 anos, de maneira nenhuma, nem permitir que alguém, seja quem for, ponha em causa esse trajeto.

“EM VÁRIOS ESTÁDIOS SAÍMOS APEDREJADOS E, INCLUSIVE, COM UM SEQUESTRO”