Correio da Manhã Weekend

Salva família e animais de morrerem queimados

TERROR r Durante duas horas, José Eduardo, de 60 anos, lutou contra as chamas no sítio da Eira Cavada. Mãe e tios foram levados por vizinho DESTRUIÇÃO r Conseguiu salvar a casa, usando água de um tanque. Desobedece­u à ordem da GNR

- ANA PALMA/RUI PANDO GOMES

Cercado pelo fogo junto ao curral dos porcos, que tentava salvar, no sítio da Eira Cavada, em Monchique, José Eduardo, de 60 anos, diz que se salvou “por milagre”.

“O fogo chegou à minha casa pela 01h00 da madrugada. Eu tinha conseguido passar a barreira montada na EN266, que estava cortada pela GNR, porque expliquei que tinha lá a minha mãe, de 83 anos, uma tia debilitada e um tio, com Alzheimer, com 82 anos. Ninguém os tinha vindo retirar”, contou ao CM, adiant ando t e r vivido “momentos de terror”.

“Disse a um vizinho meu para fugir e levar com ele a minha mãe e os meus tios, que foram para o Portimão Arena, onde ficaram em segurança”, adiantou José Eduardo, que durante duas horas viu as chamas destruírem-lhe “o pomar de citrinos, os medronheir­os, os sobreiros, as vedações dos animais, a casa das rações e das alfarrobas e seis porcos”. No terreno de 6,5 hectares que José Eduardo possui na Eira Cavada, ardeu quase tudo. “Mas consegui salvar a casa, os cães, as cabras, galinhas e três porcos”, revelou, emocionado.

Apesar do risco que correu ao decidir ficar para proteger os bens, o morador garante que só não perdeu tudo porque não se foi embora. “O fogo desceu o mont e num ins t ant e , vindo de poente, nascente e norte. Com a ajuda do meu filho e de um amigo, consegui, a muito custo, evitar que a casa ardesse. Sobrevivem­os usando a água de um tanque que carregámos a baldes para impedir que as chamas, que já lambiam as paredes, consumisse­m tudo”, relatou.

Mas foi quando se dirigiu ao curral dos porcos, para tentar salvar os animais, que José Eduardo pensou que “ia morrer”: “Encostei-me à parede do curral com as chamas a passarem-me por cima e fugi assim que pude. Foi um milagre. Podia ter morrido ali”.

MORADOR DIZ QUE VIVEU “MOMENTOS DE TERROR” AO ENFRENTAR O FOGO

 ??  ?? José Eduardo, 60 anos, com a mãe, Maria Margarida, de 83, junto à casa e ao tanque de onde o morador retirou água com baldes para salvar a habitação e animais
José Eduardo, 60 anos, com a mãe, Maria Margarida, de 83, junto à casa e ao tanque de onde o morador retirou água com baldes para salvar a habitação e animais

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