A PRIMEIRA E A ÚNICA
Foi a terceira mulher na Europa a desem
penhar o cargo de primeira-ministra, depois da croata Savka Dabcevic-Kucar e da inglesa Margaret Thatcher, que tomou posse dois meses antes desta portuguesa de Abrantes, filha de um industrial de lanifícios da Covilhã, que se formou no ano de 1956 em engenharia química em Lisboa, num curso onde em 250 alunos , apenas mais duas, além dela, eram mulheres. O V Governo Constitucional, para o qual foi indigitada por Ramalho Eanes, a 19 de julho de 1979, tinha como principal missão preparar as legislativas intercalares de 2 de dezembro mas cinco meses foram suficientes para que fossem aumentados o salário mínimo e as pensões de velhice e invalidez. O governo de Pintassilgo, primeira-ministra entre 16 ministros, todos homens, durou entre agosto e janeiro seguinte, tomou posse no lastro da intervenção do FMI, depois da demissão de Mota Pinto. Foi o terceiro em menos de um ano da iniciativa de Eanes, que mais tarde pôde explicar que a preferiu entre todos pela ética e por ter experiência governativa na pasta dos Assuntos Sociais no II e III Governos Provisórios. A seguir a Maria de Lurdes Pintassilgo sucedeu-se Sá Carneiro. O coração da até hoje única mulher na chefia de um governo em Portugal, parou em 2004; tinha 74 anos. Nesse ano, Pintassilgo foi a Belém e à saída, as suas últimas palavras públicas foram no sentido de se mostrar chocada, como é que alguém podia trocar São Bento pela presidência da Comissão Europeia.