Correio da Manhã Weekend

TINTO AUTÊNTICO

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Este revela algum caráter dos vinhos transmonta­nos. A região precisa de produtores que não copiem o Douro Nos tintos, decidi em função do critério de genuinidad­e

No final do último concurso de vinhos de Trás- os-Montes c hegaram à f i nal í s s i ma os dois brancos e os dois tintos mais pontuados durante a jornada de dois dias para o júri avaliar e pontuar aquele que seria o prémio Prestígio em branco e tinto.

No meu entender, esta é a parte mais difícil do concurso. Decidir medalhas de prata ou de ouro (ou pura e simplesmen­te eliminar vinhos) exige seriedade, mas com a prática sentimos como devemos dividir as medalhas pelo vinho.

Agora, quando estão em causa dois grandes vinhos, aqui é que as coisas se complicam. Que critérios usar ? Como evitar injustiças?

E, nesse último concurso, o meu voto foi, no caso dos tintos, decidido em função do critério genuinidad­e.

Ou s e j a, pergunte i a mim mesmo qual seria o vinho que refletia com maior intensidad­e o terroir transmonta­no (coisa que ainda está por definir, mas enfim) e lá me orientei.

Votei (vim a saber depois do concurso terminado pedindo a identifica­ção da amostra) num Romano Cunha 2010, tinto que perdeu para o Secret Spot 2014, j us t o ve nc e do r do p r é mio Prestígio por ter tido mais votos do júri.

E por ser, de facto, um grande vinho.

Os concursos servem para isso. Para que, em determinad­o momento e de forma séria, um grupo de especialis­tas avalie os vinhos e que essa informação seja transmitid­a à sociedade.

Vinhos transmonta­nos feitos só com a casta Bastardo dão um caráter muito vincado à região em causa, mas os vinhos Romano Cunha são bastante desafiante­s porque nunca tiveram a preocupaçã­o de imitar o Douro e porque conseguem, de colheita para colheita, revelar o ano climático.

E eu gosto muito desta atitude num produtor.

Por exemplo, o vinho do concurso era de 2010 e estava mais marcado pela elegância; este que para aqui provei, colheita 2008, que descobri por acaso numa garrafeira, já é mais opulento, mas sempre com os toques vegetais e genuínos que lhe dão muita graça.

Devem ser provados.

Este e, claro, o Secret Spot.

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