MARCELO, O NOVO GOUCHA DA CRISTINA
Querido Marcelo,
Deixe-me que o trate assim. Afinal, eu é que sou a Primeira-Dama deste país. Sou poderosa, gostosa, formosa, talentosa, bondosa, e outras coisas terminadas em ‘osa’ como humilde e trabalhadeira. Sou ou não sou, ó Marcelo? Dizem que os primos entre os pares não usam cá cerimónias nem salamaleques. Eu não sabia que nós éramos primos e pares só me lembra sapatos, mas se é assim é assim. É ou não é, ó Marcelo?
Pois você é o meu Goucha em versão presidencial, só lhe falta mesmo o blaser fúcsia. O resto é igualzinho. Folgazão. Malandrote. Amigo do seu amigo. Danado para a brincadeira. É cá dos meus. Adorava poder usá-los aos dois como brincos, um em cada orelha. Como o Marcelo é o presidente de todos nós, tenho a certeza que o Goucha até lhe deixava escolher a orelha direita. Ou preferia a esquerda, ó Marcelo? Já imaginou a pândega, vocês os dois a cochicharem constantemente aos meus ouvidos. Qual teleponto qual quê!
Mas esta carta, ó Marcelo, é para tratar de negócios. Você sabe, debaixo das minhas fatiotas extravagantes esconde-se uma busi- ness-woman de saia-casaco cinzento. O Goucha que não me oiça, valha-nos Deus, era a minha desgraça!
Pois o que eu tenho a propor-lhe é muito simples, ó querido Presidente: quero muito que o Marcelo venha ser o meu parceiro no meu novo programa na SIC. É mesmo isso que leu: você mais eu igual a sucesso garantido na SIC! É ou não é, ó Marcelo? Já falei com o velho Balsemão. Ele não gostou da ideia, o que eu achei ótimo porque assim já sei que o Marcelo vai aceitar. Depois lá o convenci, puxei dos meus galões e disse-lhe: “Ó freguês, é pegar ou largar! Se quer a Tininha, o Célinho tem de levar!” Foi dito e feito. Já está contratado. Sou ou não sou uma bomba a fazer negócios, ó Marcelo? Pois sou.
É claro que não lhe desvendei os nossos planos. Porque nós dois temos um plano. Temos ou não temos, ó Marcelo? Pois temos. O meu é vir a ser a primeira Presidenta da República! Ólarilas! O seu é voltar em grande estilo à televisão! Oh-lala! É certo que o Marcelo está praticamente sempre em antena, mas que diacho: está sempre em pé, a correr de umlado para o outro, é uma canseira. Já está na hora de voltar a ter um programa de estúdio, tipo aquele do baixinho, o Marques coiso. Está ou não está, ó Marcelo. Afinal você já vai para novo. E como extra, ainda lhe dou uma coluna na minha revista Cristina. Estava a pensar numa rubrica de remodelações e bricolage, assim tipo ‘Querida, mudei o governo’.
Portanto as coisas estão neste pé (é um pé bonito, eu sei, seu malandreco sedutor, e o chanatozinho é da minha marca e tudo). Vamos os dois para a SIC, eu faço-lhe umas perguntas assim inteligentes tipo Judite, o Marcelo responde o que lhe der na veneta, o público aplaude e o Goucha que se amanhe. Que eu amo o Goucha! Amo ou não amo, ó Marcelo? Mas trabalho é trabalho e conhaque é conhaque, sempre ouvi dizer.
Depois combinamos melhor, mas você até podia ir-me apanhar à minha vivenda em Jeromelo e íamos os dois para Carnaxide. Sempre poupava no gasóleo. E depois, adoro aquelas bandeirinhas no seu carro! São um must. É ou não uma grande ideia, ó Marcelo? Pois é.
“Sou ou não sou uma bomba a fazer negócios, ó Marcelo?
Pois sou