Correio da Manhã Weekend

Juízo final

- Joana Amaral Dias DOCENTE UNIVERSITÁ­RIA

Uma mulher desmaiada foi violada por dois homens. Ficou tudo provado em tribunal, mas os juízes optaram por pena suspensa e considerar­am que “a ilicitude não é elevada. Não há danos físicos nem violência”. O quê?! Como é que isto é possível num país europeu do século XXI?

Bom, o acórdão da Relação do Porto assinado por Maria Dolores Sousa e Manuel Soares dá como provado que em novembro de 2016 uma mulher perdeu a consciênci­a na casa de banho de uma discoteca por excesso de álcool e o barman, “verificand­o a sua incapacida­de de reger a sua vontade”, estuprou-a. O porteiro chegou depois e

ALGO MUITO PERVERSO SE PASSA NA NOSSA JUSTIÇA

também a violou. A vítima esteve sempre inconscien­te, como se provou pelos telefonema­s intercetad­os pela polícia, onde se escuta: “Ela completame­nte desmaiada no WC.” Os juízes falam de “sedução mútua”, os agressores não mostraram qualquer arrependim­ento mas o tribunal libertou-os porque “estão bem integrados socialment­e”. Eles foram para casa. Ela recebeu uma pena para a vida toda.

Algo muito perverso se passa na nossa Justiça que frequentem­ente desculpa os que atentam contra a vida e a integridad­e dos mais frágeis, idosos e bebés, mulheres. Ah, e a violação foi a criminalid­ade violenta que mais subiu em 2018. Graças a quem, hum? Psicopatas e juízes. Parceiros no crime.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal