Voo faraónico
Décadas a discutir um novo aeroporto e, de repente, está decidido, é no Montijo. Mais do que tempo para tomar uma opção fundamentada mas qual quê. Portugal no seu melhor. Empurrou-se com a barriga, deixou-se a Portela rebentar pelas costuras e, quando a solução passou de necessária a emergência, decide-se com os pés e em cima do joelho. Montijo e pronto.
A discussão remonta a 1969, quando começaram a ser equacionadas localizações, de Rio Frio à Ota. Em 2007, comparou-se esta com Alcochete e o então ministro afirmava “Margem Sul jamais” porque seria “faraónico onde não há gente, escolas, hospitais, in-
O GOVERNO PS MUDOU E ACHA AGORA O MONTIJO MAIS BARATO E EFICIENTE
dústria, comércio”. A sério?
O governo PS mudou e acha agora o Montijo mais barato e mais eficiente. Mas é isso por comparação a quê?! Para ser séria, essa afirmação obrigaria a uma avaliação estratégica que confrontasse hipóteses distintas em segurança, ambiente, economia. Assim, como sempre, eis apenas mais uma genuflexão a um grupo económico estrangeiro, numa decisão opaca tomada à Czar com o respectivo pivot - o ministro Pedro Marques - bem recompensado, ascendendo a estrela e podendo ser cabeça de lista nas europeias.
Diz a história de Viriato que Roma não paga a traidores. Mas, definitivamente, Portugal paga bem aos seus próprios vendedores.