Correio da Manhã Weekend

Andam a pôr algo na água?

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Só pode. O governo anuncia que vai pôr um aeroporto novo no Montijo, como quem põe um ovo. E que vai fazer os ‘estudos ambientais’ depois. Não seria melhor antes? Estou só a dizer.

No PSD, Luís Montenegro quer derrubar Rio antes das eleições. É uma inovação, por regra as facas nas costas cravam-se depois. E geralmente nem é preciso espetá-las muito, o próprio cordeiro sacrificia­l tira as devidas conclusões. Afinal, há apenas um ano Luís esquivou-se a ir a votos contra Santana e Rio. Um cálculo justo: ser líder na oposição é uma seca, sobretudo com probabilid­ades de Costa repetir a graça. Santana avançou porque não tinha nada a perder. Enfim, tinha, porque perdeu. Mas, como Santana é Santana (e só Santana sabe ser Santana tão bem), logo partiu para criar um novo partido à sua imagem. E agora vai embrulhar-se na convenção do MEL, Movimento Europa e Liberdade. Tudo bem, são sempre bem-vindas as homenagens à orgia de acne juvenil que foi a série Morangos com Açúcar.

Nos EUA, a obsessão com o muro roça o ridículo. Os serviços federais estão parcialmen­te encerrados. E perguntar não ofende: aquele muro será mesmo a mais bué maior urgência naquele enorme país? Ainda por cima, querem construí-lo do lado errado. Não sou de intrigas, mas acho que o risco de invasão vem do Canadá: lá é que faz frio e não há tequila. Estou só a dizer.

Um médico do INEM foi apanhado a baldar-se ao trabalho. Devo dizer que tem a minha simpatia: eu também não gosto de andar de helicópter­o. O problema foi o dr. querer o melhor de dois mundos: a simpática remuneraçã­o de estar de plantão para acorrer a emergência­s, sem a chatice de levar com elas. Como aposta nem era má: com sorte, as emergência­s seriam raras. Mas até os bons jogadores um dia têm azar.

E em França um escritor chamado Moix declarou que as mulheres da idade dele já não prestam, gosta delas mais novinhas. Toda a gente lhe caiu em cima, e o pobre empalidece­u: então uma pessoa já não pode dizer o que pensa? Pode, caro Moixxx (posso tratar-te assim?), em Portugal andamos agora todos precisamen­te a ter essa discussão. O problema é que se calhar estás apenas a papaguinar pensamento mumificado. E isso é quase tão infantil como o comportame­nto do Luís, do Santana, do Donald e do dr. Ineme.

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