Sobre encomendas
Beto, team manager do Sporting, não se vai sentar esta noite no ‘banco’ por ter sido suspenso. Pouca ou nenhuma falta vai fazer este dirigente, que já foi futebolista, à sua equipa no confronto com o FC Porto. Os executivos não marcam golos e o Sporting precisa de golos para vencer o líder da prova, e não precisará de Beto para coisa alguma a não ser para insultar o árbitro dando-se o caso de o resultado, ao cabo dos 90 minutos, não ser o pretendido pelas suas cores. Pode acontecer? Pode. Aconteceu, por exemplo, na última segundafeira em Tondela. O Sporting, jogando com mais um elemento do que o seu modesto adversário durante quase toda a segunda a parte, saiu da visita ao Estádio João Cardoso vergado ao peso de uma derrota tangencial nos números (21), mas exponencial no que em tudo diz respeito aos efeitos e consequências desse desaire nas Beiras.
Não foi uma segunda-feira fácil para Beto. O sucessor de André Geraldes viu o seu jogador Marcos Acuña ser expulso nos instantes finais do jogo em Tondela e, esquecendo-se que o próximo compromisso do Sporting para a Liga é o clássico com o FC Porto, dirigiu-se ao árbitro acusando-o de estar ali ao servi- ço do Benfica, revelando que a nova geração de dirigentes desportivos nada traz de novo, em termos educacionais, à velha geração caldeada nas artes do conflito e das acusações à toa. “És uma encomenda. Vieste aqui encomendado pelo Benfica!”, gritou Beto para Nuno Almeida que, relatando por escrito o episódio, precipitou a suspensão do antigo defesa-central.
Perde, assim, o Sporting o seu dirigente por todo o mês de Janeiro, um mês recheado de decisões importantes no campeonato, na Taça de Portugal e na Taça da Liga, mas terá ganhado um novo herói na refega institucional com o Benfica, e bem se sabe como são estimados em Alvalade os autores destas proezas. Para os adeptos do Benfica, naturalmente, não se trata de proeza nenhuma. Foi apenas mais um exercício de pressão sobre os juízes do jogo, um daqueles exercícios santificado por múltiplos gabinetes de comunicação, e que têm vindo a dar resultados. Do ponto de vista do Estádio da
A MAIOR PROEZA DA CARREIRA DE BETO ACONTECEU EM 1999
QUANDO ASSINOU DOIS
Luz, a maior proeza da carreira de Beto aconteceu em 1999 quando o então promissor atleta, sem que ninguém lhe encomendasse fosse o que fosse, assinou dois autogolos num dérbi em Alvalade, que terminaria com a vitória tangencial dos visitantes.
Hoje teremos um Sporting-FC Porto. E porque se trata de um jogo contem com erros dos jogadores, dos treinadores e dos árbitros, mas Beto está a salvo porque vai estar na bancada. Que descanso.