Correio da Manhã Weekend

CLÁSSICO SEM BRILHO

NULO DEIXA ÁGUIAS MAIS PERTO DO DRAGÃO

- MÁRIO PEREIRA JORNALISTA

Num clássico de risco zero, o resultado dificilmen­te seria outro que não um destempera­do 0-0. Ambos os treinadore­s amarraram o jogo na esperança, vã, de chegar ao golo através de uma luminosa ação individual ou então à custa de um erro do adversário. Nada disso aconteceu e tudo acabou como começou. Sem golos, sem brilho, quase sem emoção.

O resultado interessa naturalmen­te mais ao FC Porto. Porque vai na frente, porque tem boa vantagem sobre os rivais e também porque risca no calendário a passagem pelo campo onde, desde a mudança do milénio, mais dificuldad­es sente em ganhar, em jogos da Liga. O empate agrada a Sérgio Conceição, apesar de ver quebrada a série de 18 vitórias consecutiv­as em várias frentes, perdendo a oportunida­de de conseguir um máximo histórico no futebol português.

Já ao Sporting, pelo atraso de oitos pontos na classifica­ção que praticamen­te o t ira da corrida ao título, não se entende o conformism­o. Há um momento paradigmát­ico da ambição leonina, neste jogo. Aconteceu aos 90’, quando Wendel é substituíd­o. A equipa precisa de ganhar, para recuperar o atraso na tabela. Mas quem entra é Petro- vic, um tampão do meio-campo. Dir-se-ia que para segurar o resultado. Um espelho da ambição, ou da falta dela.

A primeira parte foi um bocejo. Ambos os treinadore­s apostaram em onzes sem surpresas, recusando sair das suas áreas de conforto. O Sporting joga no habitual 4x3x3 mas a bola não entra nas alas e assim o jogo não flui. O FC Porto opta por um contido 4x4x2 com Brahimi muito virado para ações interiores de forma a manter controlo no meio-campo. A bola raramente chega a Soares ou a Marega. E a ideia primordial de jogo de Conceição é evitar que o adversário tenha mais posse de bola. Mas isso deixou a equipa longe da baliza contrária.

Até ao intervalo são raras as pausas na monotonia. Os duelos no miolo secam tudo à volta. Bruno Fernandes com Herrera. Wendel com Brahimi. Para ver o primeiro remate enquadrado com uma das balizas foi preciso esperar pelo minuto 45, quando Bas Dost obrigou Casillas a mexer-se.

A saída por lesão de Maxi Pereira, antes do intervalo, obrigou Conceição a alterar a estrutura da equipa. Entra Óliver e baixa Corona para lateral. O 4x4x2 passa a 4x3x3. Os resultados da mudança notam-se na segunda parte. O jogo abre um pouco, finalmente. O FC Porto cria uma ilusão de superiorid­ade mas é o Sporting que fica mais próximo da baliza contrária. É a fase em que se pedem heróis. Por uma ou duas vezes os guarda-redes brilham, mas sem exageros. Mas quando as substituiç­ões táticas começam, tudo regressa à primeira forma. Neste jogo ninguém quis realmente vencer.

RESULTADO SERVE MELHOR AO FC PORTO, PORQUE VAI NA FRENTE

SPORTING CONFORMADO, APESAR DE ESTAR A OITO PONTOS DA LIDERANÇA

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Wendel tenta levar a bola para a frente perante a oposição de Danilo, no jogo de ontem em Alvalade
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