Valentes conselheiros
OConselho de Disciplina da FPF é o pilar mais obsoleto do futebol que se vai praticando aqui pelo nosso condado portucalense. É medieval na aplicação da justiça, fazendo-se constantemente forte com os fracos e fraquíssimo com os fortes. É atento, venerando e obrigado aos maiorais da bola. E é façanhudo, bélico e impiedoso perante as peças menores da autoproclamada indústria. Em resumo, este Conselho de Disciplina não pode em caso algum ver-se simbolicamente representado por aquela tradicional estátua da justiça de olhos vendados erguendo duas balanças alinhadas com pesos idênticos. A estátua do CD da nossa era dispensaria liminarmente o pormenor estético da faixa que lhe taparia a visão porque a justiça federativa é tudo menos cega. E no que às balanças diz respeito, não haveria prato que não sucumbisse ao peso brutal das conveniências práticas em função do estatuto dos prevaricadores.
A incapacidade de punir o laxismo dos que consentem “festivais de pirotecnia” nas bancadas e, já agora, a incapacidade de punir os artistas pirotécnicos e, como se não bastasse, a benevolência com que se aceitam as justificações para esses desacatos – no último clássico, por exemplo, bastou o Sporting vir publicamente “ilibar” as suas claques do incêndio na bancada sul para que o assunto morresse à nascença – somada à febre persecutória contra treinadores das equipas ditas pequenas por comparação ao tratamento dado, em iguais circunstâncias, aos treinadores das equipas ditas grandes, tudo contribui para o estado caricato da jurisprudência do CD da FPF.
O treinador do FC Porto, por exemplo, já foi expulso do “banco” umas quantas vezes no decorrer desta época e lá lhe vão aplicando umas coimas irrisórias e nenhuma suspensão mas José Mota, ao serviço do D. Aves, e Abel Ferreira, ao serviço do Sp. Braga, viram-se expulsos na jornada passada e não demoraram a conhecer as respetivas sentenças: ambos foram suspensos por 1 jogo para aprenderem a comportar-se de acordo com as regras. No entanto, o caso mais assombroso revelou-se esta semana e, se não provocou escândalo, provocou risota, o que é pior.
O Casa Pia vai perder 6 pontos na série D do Campeonato de Portugal e o seu treinador vai ser impedido de exercer as suas funções durante 1 ano. Ah, valentes do Conselho de Disciplina! Que as mãos não vos doam a punir estes verdadeiros bandidos do futebol português! Imagine-se só que o treinador do Casa Pia, Rúben Amorim, atreveu-se a dar indicações aos seus jogadores sem ter ainda concluído o curso de Nível 1 do seu ofício! Mas onde é que isto vai parar?
AH, VALENTES DO CONSELHO
DE DISCIPLINA! QUE AS MÃOS NÃO VOS DOAM A PUNIR ESTES
VERDADEIROS BANDIDOS