Correio da Manhã Weekend

RONALDO CACADO POR PIRATA DOS MAILS

PRINCÍPIO DA ESPECIALID­ADE r Juíza diz que Justiça portuguesa só o pode ouvir sobre a tentativa de extorsão à Doyen

- TÂNIA LARANJO TEXTO JORGE LOPES IMAGEM ENVIADOS ESPECIAIS BUDAPESTE NOTÍCIA EXCLUSIVA DA EDIÇÃO EM PAPEL

Alegou o que se chama o princípio da especialid­ade. Isto é: se foi emitido um mandado de detenção internacio­nal, é só sobre esses fatos que aceita ser julgado - no caso, a extorsão à Doyen. A juíza disse que sim e o resultado é que, para já, Rui Pinto fica livre das suspeitas de ser o hacker do Benfica. O mesmo acontece quanto à espionagem dos advogados que defenderam os encarnados no E-Toupeira. Também aí, Rui Pinto não pode responder sobre esses factos. A Justiça tem de o libertar e depois prendê-lo novamente. É o que mandam as regras, disse a magistrada da Hungria que ontem ouviu o pirata informátic­o em tribunal.

A decisão pode ser revertida caso Rui Pinto prescinda do princípio da especialid­ade. O que também só acontecerá se aceitar colaborar com as autoridade­s – o que para já não aconteceu, pelo menos em Portugal. Rui Pinto mantém-se em silêncio sobre o Benfica e, disse ao CM, em exclusivo, que sobre isso não respondia. “Não falo sobre o Benfica”, afirmou, dizendo depois que também não aceita explicar o que o levou a colaborar com o Football Leaks.

Rui Pinto fica para já em casa, a aguardar a extradição para Portugal. A juíza aceitou o seu pedido e decretou a prisão domiciliár­ia. Disse depois que o prazo máximo para uma decisão é de 60 dias. Se Rui Pinto não se tivesse oposto seria no máximo 10 dias.

Para a defesa de Rui Pinto, o hacker não praticou qualquer crime. Agiu para denunciar práticas criminosas e fê-lo num quadro de legitimida­de. É este o entendimen­to da defesa, que contesta também a rapidez com que os mandados foram executados. Foram emitidos segunda-feira e cumpridos dois dias depois. Rui Pinto foi apanhado à porta de casa. Não reagiu e as autoridade­s fizeram-lhe uma busca à casa. Apreendera­m material informátic­o e documentos.

A PJ, que continua no terreno a investigar o assunto, recolhe ainda provas sobre o envolvimen­to de Rui Pinto no caso do Benfica. Pode ser deduzida acusação por esse facto, mas segundo a juíza têm de o deixar regressar à Hungria para depois o voltar a prender.

“NÃO FALO SOBRE O BENFICA”, DISSE EM EXCLUSIVO AO CM

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