UMA MÃO ORQUESTRADA
Otamanho da mão não foi proporcional ao abono. Pequena, enfezada e com rara probabilidade de conseguir, sequer, uma fraca apalpadela. Tenho o tique de reparar no conjunto dos dez dedos, como se daí viesse alguma certeza ou pura inspiração. Deste prazer recente posso dizer que me surpreendeu, e bastante. Fui com certa reticencia. Não fosse a sua gentileza e o seu bigode afiado, que me lembra sempre beijo musical, teria ficado para uma próxima vez chamada nunca. Ainda bem que há exceçõesà regra. D ire tono assun toe prático, sem perder um romantismo nervoso, ainda que estúpido, mas que pode fazer falta nas primeiras apresentações, foi palmilhando a minha blusa preta. O fecho teimoso da saia acabou por ser enderà mão, que muito embora fosse tacanha, soube se comportar como se tivesse nascido pianista. Há horas, horas, boas, tão boas, em que a pressa se põe à frente dos tecidos e não so- bra tempo para desapertar o que atrapalha. Fechou os olhos e abriu os braços. Não voou. As mãos rasgaram as peças íntimas que antecedem a pele. E pronto. Rendas pretas transformaram-se e O avião - eu - ainda fez as honras da casa. Poucas. A mão fracota começou logo a ter pernas. E as pernas tinham a velocidade do Boeing. Do pescoço às coxas nada ficou por tocar. A seguir, a boca, as bocas, foram-se unindo e, se saíssem do lugar para irem ao centro do universo do corpo, não tardavam a voltar e vinham com superior força. Gosto de demorar; não gosto que se demorem. Detesto que se precipitem. Nem todos os homens sabem, ou conseguem, esta maravilha. Este prazer, apesar de novo é um amante que cumpre muitíssimo bem o seu papel. Que não pensemos que é menino tipo copo de leite e uma franja obediente. Tomara a alguns experientes, que dizem de goela aberta que viram frangos há anos e, vai-se a ver, só viram, e a custo, a asa.
GOSTO DE DEMORAR. DETESTO QUE SE PRECIPITEM. NEM TODOS OS HOMENS CONSEGUEM ESTA MARAVILHA