VARA COM TRATAMENTO VIP
CRÉDITO Ex- administrador diz que foi o presidente do conselho de administração quem convocou os promotores de Vale do Lobo GUERRA Antigo banqueiro nega ter apoiado ataque ao poder no BCP
CULPA SANTOS FERREIRA
POR CRÉDITO RUINOSO
CHEFE DOS GUARDAS PRISIONAIS ACOMPANHOU
À CIVIL O EX-MINISTRO CAIXA FINANCIOU
PAGAMENTO DE DÍVIDA DE BERARDO
AO SANTANDER
Armando Vara começou por avisar os deputados da comissão de inquérito ao BCP de que não ia falar sobre Vale do Lobo, o negócio no qual é acusado pelo Ministério Público de ter recebido luvas de um milhão de euros. Mas as mais de cinco horas de audição no Parlamento foram quase exclusivamente concentradas nesse tema.
O antigo administrador da CGD acabou embalado pelas perguntas dos deputados e aproveitou para passar responsabilidades no negócio ao antigo presidente do banco público Carlos Santos Ferreira. Fê-lo na declaração inicial e repetiu-o, pelo menos, por mais duas vezes. “O presidente do conselho de administração da Caixa tinha o pelouro da direção de participações e entendeu convocar umareunião
tendo como único ponto o projeto de Vale do Lobo”, detalhou Armando Vara, adiantando que Diogo Gaspar Ferreira e Rui Horta e Costa apresentaram o projeto aos gestores. Vara sublinhou depois que “os promotores apresentaram o projeto e quando eles saíram o conselho só teceu elogios.” E insistiu: “Era um excelente negócio para a Caixa.”
O “excelente negócio” a que Varase referiu traduziu-se no seguinte: além de financiar os investidores privados em 194 milhões de euros, o banco público também entrou com uma participação no capital da empresa no valor de 2 milhões de euros e suprimentos de 28 milhões. Os privados só entraram com seis milhões, e na divisão do capital a CGD ficou com 25% de Vale do Lobo e os privados com75%.
Questionado pela deputada do BE Mariana Mortágua sobre esta divisão do negócio, Vara começou por argumentar que, “ao tempo, quem tratava das participações era Santos Ferreira, para depois acrescentar que o valor pago emjuros pela empresa, no primeiro ano do crédito, somado ao valor pago pelo fundo ao qual a Caixa cedeu o crédito problemático limpavam as perdas. “Na pior das hipóteses, a Caixa acabou por receber o que tinha emprestado.”
Contudo, o antigo banqueiro recusou responder às questões colocadas tanto pelo BE como pelo deputado comunista Paulo Sá sobre as eventuais luvas que terá recebido pela aprovação de Vale do Lobo. “São teses inventadas pelo Ministério público”, repetiu por diversas vezes.
Já sobre a guerra acionista no BCP, o ex-gestor admitiu estar arrependido de ter aceitado o convite de Santos Ferreira e rejeitou interferências na batalha entre os acionistas. “A Caixa nunca teve qualquer intervenção nas guerras do BCP”, disse.
EX-BANQUEIRO DISSE QUE A CGD NÃO PARTICIPOU NAS GUERRAS DO BCP
VARA ARREPENDIDO DE TER ACEITADO O CONVITE DE SANTOS FERREIRA PRIVADOS SÓ ENTRARAM COM SEIS MILHÕES MAS FICARAM COM MAIORIA
A CAIXA FICOU COM 25%
DE VALE DO LOBO
E OS PRIVADOS COM 75%